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Hinagata
 

Fotos: Divulgação / Arquivo NB

Após se recuperarem da crise de pós guerra e atingirem o alto nível de crescimento, os japoneses hoje estão de olho na coleção anual de Paris e muitas mulheres adquirem caríssimos produtos de grife. Ainda que não comprem, a quantidade de livros e revistas sobre moda é abundante. A moda passou a fazer parte da vida, de modo indissociável.

 
 


Essa estampa mostra a produção de energia através da água

• A REVISTA DE MODA DO PERÍODO EDO

Em qualquer época há quem se interesse pela moda. Há 300 anos, houve uma revista de moda chamada “Hinagata”. Tra-tava-se de uma coletânea de estampas de kimono, tendo traçados singulares entre o ombro direito até a barra, como na reprodução ao lado.

De acordo com Ueno Saeko, pesquisadora de hinagata (tipo de estampa), seus temas eram ricos em variedades, tendo desde plantas, locais conhecidos tratados em poemas, contos e canções, fatos antigos e lendas e até estilização ousada de utensílios do cotidiano. Eram frutos do trabalho conjunto de designers e dos artesãos que esculpiam detalhadamente as estampas, e dos profissionais de estampagem.

• SOBRE “GOSHO HINAGATA”

A gravura mostrada origina-se de “Gosho Hinagata”, editada em 3 volumes no ano de 1674, mas que não foi conservada integralmente. O autor é desconhecido. Na sua introdução consta: “Em geral, as mulheres se vestem para os seus maridos. Desde antigamente, esse é o modo de viver das pessoas. Para isso, utilizam de estampas bem escolhidas e belas cores em abundância. Entretanto, há o que fica bem e o que não fica bem conforme pessoa. Cada qual deve escolher conforme aquilo que achar melhor para vestir. Azul, vermelho, amarelo, branco e preto são as cores mais utilizadas. As estampas são inúmeras e as maneiras de cada família são diferentes, ficando difícil decidir o que seria bom e o que não o seria.

A escolha inteligente seria feita com base na educação que recebera, extremando-se em estilo nas variadas estampas buscando o que há de melhor e mandando tingir conforme o que faz seu coração palpitar. Nessa hora, hinagata é útil. Isto se assemelha ao modo de ser da poesia japonesa, na qual a habilidade está em voltar a mente no que há de tradicional criando-se estampas novas e assim expressando o seu próprio gosto.

Nesta arte é necessário ter espírito criativo e se aprofundar-se na engenhosidade podendo até criar o disforme, por exemplo uma criação que possibilita subir ao céu sem que tenha uma ponte e tocar barcos sem ter água. Sou aquele que há anos me dedico ao mundo das vestimentas dirigindo-me de perto ou de longe à capital a fim de ver as vestes das pessoas, e admiro os estilos que merecem estar no Goshogata, copiando um ou outro para elaborar esta coletânea.”. Diz que para o design de kimono é necessário ter estilo, da mesma forma que ocorre com waka (poema japonês).

• A LEI DE PROIBIÇÃO DO LUXO EXCESSIVO

O fato de terem sido editados mais de 100 tipos de revistas de moda semelhantes está relacionado à consolidação do sistema feudal moderno e ao fato de que não só a classe dos guerreiros como também o povo (comerciantes e agricultores) passou a ter uma melhora financeira.

Entretanto, logo a seguir em 1683, foi lançada uma lei que proibia as pessoas de confeccionarem ou mesmo possuírem kimono de luxo, como por exemplo, um kimono bordado com fios de ouro. Posteriormente, por várias vezes, essa lei voltou a vigorar. Isto mostra como as pessoas se rendiam às atrações de belos e caros kimonos. A disputa entre mulheres pelas melhores vestimentas era muito acirrada e existiram casas comerciais que foram levadas ao fechamento devido a essa lei. Isso é um espanto!


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