Musashi buscou o auto-aprimoramento
através da espada
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Fotos: Divulgação / Arquivo NB
Muitas
vezes, personalidades que de fato existiram, quando são
retratadas em romances ou em cinema, passam a ter uma imagem
diferente da original. Talvez pelo fato de que os personagens
ficarem marcados pelos cenários e ideologias da época.
Isso
aconteceu com o espadachim Miyamoto Musashi (1584-1645), cuja
vida foi retratada pelo escritor Yoshikawa Eiji (1892-1962)
na sua obra Miyamoto Musashi. Sua imagem foi ampliada
em vários sentidos. O romance foi publicado em forma
de novela no Jornal Asahi, entre 1935 e 1939, num total de 1.013
capítulos. Esta época coincide com o período
de grande tensão em que o Japão estava prestes
a entrar na Segunda Guerra Mundial. Devido a isso, o crítico
literário Nawata Kazuo fez uma análise no sentido
de que Muitos leitores buscaram a diretriz de sua própria
vida na forma de viver de Musashi, que buscou o auto-aprimoramento
através da espada. E a postura de ler Musashi para tê-lo
como suporte espiritual é mantido mesmo no período
conturbado de pós guerra.A obra termina com os
seguintes dizeres: O que Sasaki Kojiro buscou na sua última
luta travada na Ilha Ganryu foi a arte da espada sustentada
pela força e pela técnica, enquanto que Musashi
acreditava na arte da espada sustentada pelo espírito.
Era a única coisa que diferia entre os dois.
O
personagem real Miyamoto Musashi tornou-se orfão ainda
pequeno, sendo criado pelo tio que era um monge budista. Dizem
que aos 13 anos já vencia os adultos nas lutas entre
escolas diferentes. Em 60 duelos travados ao longo de sua vida,
venceu todos. O último deles foi a famosa luta da Ilha
de Ganryu, em 1612. Foi espadachim, pintor, calígrafo
e nos últimos anos de vida escreveu um livro sobre táticas
militares.
Após
a obra de Yoshikawa Eiji, muitos outros autores retrataram o
personagem, de forma que só em cinema e televisão
há mais de 20 obras dos mais variados tipos, outra chegando
até a colocá-lo como personagem de ficção
científica. De acordo com Nawata, a antítese do
Musashi de Yoshikawa seria a versão O verdadeiro
Miyamoto Musashi de Shiba Ryotaroo, de 1962. Nela, o Musashi
é o retrato de um homem que, após lutar e perambular
por um longo período, foi frustrado no seu intuito de
participar do governo feudal. No período pacífico
de Tokugawa, em que não havia guerras, não havia
lugar para ele que era somente reconhecido pela sua habilidade
na arte da espada, e isso o fez bradar: Não sou
apenas homem de arte marcial.
A versão em português
foi lançada em 1999
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Dizem
que talvez esta imagem seja semelhante à dos japoneses
que no período pacífico do pós guerra empenharam-se
na corrida em busca de se igualar aos Estados Unidos.
A versão
em português do Miyamoto Musashi de Yoshikawa
Eiji, editada pela Editora Estação Liberdade, com
a tradução clara da tradutora Reiko Gotoda, ainda
hoje tem crescido em número de vendas. É uma sugestão
imperdível para os que ainda não o leram. E também
quando visitar o Japão, não deixem de visitar o
museu Yoshikawa Eiji, localizado em Oume-shi, Tóquio. Poderá
reafirmar a sua imagem sobre Miyamoto Musashi.