Em residências modernas o espaço pode ficar no mesmo nível
do chão
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Quintal em miniatura para apreciar a natureza
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Fotos: Divulgação
/ Arquivo NB
Inicialmente chamado de oshiita, o tokonoma tratava-se de uma
parte embutida na parede do aposento voltado ao quintal, e que
era reservado para fins ornamentais, ficando a parte de baixo
cerca de 10 cm mais alto que o piso, com aproximadamente 4 metros
de fachada e 60 cm de profundidade. No local colocavam-se rolos
com transcrições de sutras e caixas com apetrechos
para caligrafia. Não só o detalhe arquitetônico
como também o local onde se colocava na parede a gravura
de Buda, com as três peças (castiçal, pote
para incenso, vaso para flores) era também chamado de
oshiita.
Mas,
não há comprovações de que este
tenha sido o início de tokonoma. A palavra também
designava um local sagrado onde se cultuava Deus, e era considerado
falta de respeito subir no local. Posteriormente passou-se a
colocar nesse local objetos ou quadros artísticos para
apreciar. Devido a isso, os visitantes conduzidos à sala
onde há tokonoma devem primeiramente elogiar o kakejiku
(o objeto ou a flor ou pergaminho) ali colocados para depois
acomodar-se no assento indicado. Assim determina a etiqueta.
Tokonoma passou a ser utilizado pela classe popular a partir
do meados do Período Edo, século 18.
Detalhes
É
chamado de shoin a janela corrediça com papel nos caixilhos,
adjacente ao tokonoma. Era entrada de luz natural para leitura
de sutras e livros. Tokowaki trata-se de prateleiras ornamentais
fixados nas adjacências do leito. São constituídos
de chigaidana (prateleiras) ou fukurotodana (pequeno armário
para guardar utensílios da cerimônia do chá)
com os mais elaborados designs. Tokobashira é o pilar
de madeira utilizado entre o leito e o tokowaki, sendo o símbolo
de destaque do aposento japonês. Por isso são utilizadas
madeiras nobres como hinoki (cipreste).
Quintal
Quando se realiza o sonho da casa própria, todos encomendam
um aposento japonês com tokonoma, mas o espaço
acaba sendo utilizado para colocar o guarda-roupa ou butsudan
(oratório budista).Sakai Ryoko, professora da Faculdade
Seika de Kyoto, diz o seguinte: O tokonoma para nós
é um importante espaço para onde voltamos a nossa
mente. É como se fosse um quintal em miniatura, onde
sentimos as belas sensações sazonais de kachofugetsu
(belezas da natureza). Ao colocar na parede algo que seja do
nosso gosto, colocar no vaso as flores da estação,
e no momento em que ficamos de frente com esses elementos, qual
será o pensamento que fluirá na nossa mente ?
Para nós que vivemos na era moderna, muitas vezes levados
pelos ambientes e informações, talvez seja este
o momento de cultivarmos o sentimento de amor ao tokonoma.
Talvez
tenhamos a aprender com a estrutura psicológica dos japoneses
do passado que transportaram divindades e a natureza para dentro
de casa no pequeno espaço chamado tokonoma.