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Omamori

Pequenos amuletos que servem para tudo, desde proteger
a casa até arranjar um bom casamento

Fotos: Divulgação / Arquivo NB

Os japoneses possuem o costume de visitar o santuário xintoísta próximo às suas residências no ano novo e oram para o bem da família, dos parentes, da nação e do mundo. Esse ano, com certeza, devem orar para que o 2004 seja, ao menos, um pouco melhor que o ano turbulento que se passou, com atividades terroristas e guerras. Nos santuários são vendidos amuletos e talismãs que foram purificados. Levamos os amuletos para casa e o conservamos com zelo.

PROTEÇÃO DIVINA
”Omamori” são amuletos em tamanho reduzido, colocados em saquinhos, contendo nomes de divindades e palavras de oração para proteger dos maus espíritos e catástrofes. Os benefícios mais comuns são: proteção no trânsito, aprovação no exame vestibular, sucesso nos negócios, bom parto, proteção contra doenças e azares. Os mais estranhos ficam por conta de talismãs denominados “tama no koshi” para quem deseja se casar com uma pessoa rica, “kyugi tokon omamori” para os que querem se sair bem em esportes que utilizam bola, amuletos de panda para os que desejam se tornar famosos, entre outros. Dizem que até os jogadores profissionais de futebol os possuem. Quanto aos formatos, são muito variados, tendo amuletos no formato até de alças portáteis, selos e de personagens famosos. O gosto dos japoneses pelos talismãs é surpreendente.

ORIGEM EM QUIOTO
Antigamente os talismãs não eram colocados em saquinhos; eram folhas de papel com dizeres como : “proteção no lar”, “cuidado com fogos”, “sucesso nos empreendimentos”, etc, que eram afixados nos compartimentos da casa como santuários, cozinhas, banheiros. Não era algo para carregar junto de si. Era também usual escrever o desejo numa fina tábua de madeira que ao quebrar, protegia a pessoa dos danos.

O Japão tinha o Xintoísmo como religião oficial do país na época da guerra, porisso, quando os soldados se apresentavam para ir à guerra, os santuários ofereciam a eles os talismãs de “sorte na batalha e regresso a salvo”. Os familiares costuravam o talismã nas fardas dos soldados e oravam para que retornassem sãos e salvos da guerra. No pós guerra, os comerciantes de Nishijin, Quioto, tiveram a idéia de confeccionar talismãs colocados em saquinhos de belos tecidos Nishijin, vendendo-os aos templos e santuários de todo o país. O resultado foi um sucesso. As encomendas alcançam o pico entre novembro e janeiro. A história dos tecidos Nishijin é antiga, datando de século 7. O bicho-da-seda e as técnicas de tecer seda foram trazidos por viajantes vindos do continente, que presentearam o imperador e os nobres com suntuosos tecidos de primeira qualidade. O Período Muromachi é marcado por designs inovadores, destacando-se as vestimentas do teatro Nô. No século 19 passa ao declínio, mas a partir da Revolução Meiji (1868) a tecelagem Nishijin foi reativada com a introdução de novas técnicas trazidas do ocidente. Os suntuosos quimonos de seda são objetos caros, fora do alcance da população, mas a sua beleza pode ser apreciada em talismãs que utilizam pequenos retalhos do tecido. Podem ser encontrados com brasões de cada santuário ou templo e em variadas estampas.

VARIAM CONFORME A ÉPOCA
Com a chegada do período de grande crescimento e a difusão do automóvel, os talismãs para automóveis cresceram em número. Em seguida, chegou a era dos bebês do pós-guerra que provocou uma grande procura pelos talismãs para bom parto e, com o crescimento das crianças, a procura direcionou-se para os talismãs para aprovação nos exames, obtenção de um bom emprego e casamento. Dizem que atualmente há talismãs até para telefones celulares eletrônicos.

Até para os japoneses que andam na vanguarda da alta tecnologia, parece que existe afinidade com o desejo de receber proteção divina e o gosto pelas miniaturas próprio dos japoneses.

 

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