Fotos: Divulgação
/ Arquivo NB
Qual
foi o seu hatsuyume ou o seu primeiro sonho do ano? Antigamente
o primeiro sonho tinha uma importância muito grande para
as pessoas, que interpretavam os sonhos sob variadas formas.
Mas hoje em dia, parece que ele já não é
tão valorizado assim.
Takarabune
Antigamente, hatsuyume não se referia ao sonho da noite
da passagem de ano, e sim ao sonho da noite do dia 2 de janeiro.
Dizem que no início do Período Showa andavam vendendo
gravuras de takarabune (barca do tesouro) nos dias primeiro
e dois de janeiro. Havia uma tradição que dizia
que a gravura traria um bom sonho.
No
período Edo, diziam que ao invés de trazer bons
sonhos, a gravura levava embora os maus sonhos sonhados ao longo
do ano anterior, tendo assim um papel de eliminar os pesadelos.
Colocavam a gravura debaixo do travesseiro e depois jogavam-na
no rio ou no mar. Devido a isso, inicialmente era um desenho
simples de barco marcado com um X (que simbolizava
proteção contra maldades, correspondendo ao sinal
de cruz dos ocidentais) ou com desenho de tapir, animal tido
como comedor de pesadelos. Os sonhos da população
foram aumentando até que chegaram a ponto de utilizarem
o desenho da barca do tesouro tripulada pelos sete deuses da
felicidade. Pode-se dizer que era uma das atividades de purificação
realizadas antes de datas importantes como o ano novo. O desejo
de eliminar os maus sonhos expandiu-se para o enriquecimento,
refletindo a figura da população que passou a
valorizar sobretudo o aspecto econômico. Atualmente realizam-se
visitas aos sete deuses da felicidade pelo circuito dos santuários
ou utilizam-se as gravuras da barca do tesouro como enfeite
e não para colocá-la debaixo do travesseiro.
Dos
sonhos do ano novo, dizem que os melhores seriam em primeiro
lugar o Monte Fuji, em segundo lugar o falcão e em terceiro
a beringela. Dizem também que esses seriam na época
os itens representativos de Suruga no kuni, terra natal da família
do shogun de Edo (atual província de Shizuoka).
Mensagens
divinas
O homem moderno foi batizado pela interpretação
dos sonhos sob ponto de vista da psicanálise de Freud
ou de Yung, mas para os antigos, os sonhos não pertenciam
às pessoas do povo e sim aos xamãs que possuíam
poderes especiais. Diziam ainda que os sonhos eram proporcionados
pelos deuses e espíritos elevados. O maior xamã
antes da chegada do budismo foi o imperador e, para os estudiosos
da antigüidade os sonhos eram também o espaço
em que se consultavam os deuses sobre os problemas da política
e das festividades.
Após
a chegada do budismo no ano 538, aparecem nos sonhos o buda
e os Bodhisattvas. No templo Horyuji há uma sala sagrada
chamada sala dos sonhos onde dizem que é cultuada a Deusa
da Misericórdia que apareceu ao príncipe Shotoku
Taishi em sonho.
No
final do século 12, após o período Kamakura,
o lado sagrado dos sonhos foi esquecido. Os monges de Shukendo
vão às montanhas onde praticam a ascese e vivenciam
o além ou o mundo dos deuses, retornando novamente ao
nosso mundo. Dizem até que o despertar é que é
o sonhar.
Bem,
deixemos de lado as coisas complexas. Estamos orando para que
os seus sonhos se realizem nesse novo ano.