Fotos: Divulgação
/ Arquivo NB
Outro dia foi feita uma pesquisa pela internet, sobre o otoshidama
que as crianças ganharam neste último Ano Novo.
Refletindo a recuperação econômica do Japão,
a média do valor foi de ¥ 24 mil (cerca de R$ 635),
comparado com o ano passado aumentou ¥ 891 (R$ 23,59). O
valor máximo que uma criança recebeu foi de ¥
170 mil (R$ 4.500). Um montante que nem se compara ao valor
dos presentes que as crianças brasileiras ganham no Natal.
E, sobre o seu modo de gastar, diferindo do ano passado, em
que o primeiro lugar foi a resposta deposito tudo na poupança
(segundo lugar neste ano), refletindo a era de computador, o
primeiro lugar deste ano foi compro software dos games.
O terceiro lugar foi compro livros. Naturalmente,
entre livros, incluem-se os mangás, mas é reconfortante
saber que ainda prevalesce o hábito da leitura entre
as crianças.
Oferenda
dos deuses
Presentes ou dinheiro podem ser embrulhados com o mizuhiki
que é um fino cordão de papel vermelho e
branco ou branco e preto
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O
atual otoshidama refere-se ao presente ou dinheiro que se dá
no Ano Novo, mas originariamente referia-se ao mochi (bolinho
de arroz) que, após ser ofertado aos deuses, era retirado
dos oratórios para presentear as crianças. Ainda,
conforme região, presentiava-se com um punhado de arroz.
Segundo o etnólogo Kunio Yanagida, o fato de presentear
com comestíveis como mochi ofertados a deuses, comprova
a crença dos antigos de que compartilhar a comida com
deuses emprestar-lhes-ia os poderes divinos. Ainda, segundo
o mesmo etnólogo, presenteavam-se com comidas cozidas
na mesma panela com intuito de fortalecer o espírito
cooperativo.
Este
costume de compartilhar o mochi ofertado a deuses no Ano Novo,
preparando com ele pratos típicos como ozoni (sopa de
mochi) ou oshiruko (feijão doce com mochi) é observado
ainda hoje, no primeiro treino do ano de artes tradicionais
japonesas, tais como dança japonesa, koto (harpa horizontal
japonesa), shamisen (alaúde japonês de três
cordas), shakuhachi (pífaro japonês com cinco orifícios),
e artes marciais como kendô, judo, kyudô (arco e
flecha). Nessa ocasião, não se usavam faca, partindo
o mochi com a mão ou com uma espécie de martelo.
Nas cidades, na era Edo presenteavam-se também com leques.
Trocas de presentes
Os
presentes mais cerimoniosos que acompanham eventos anuais como
Ano Novo, chugen (comemoração de origem chinesa,
pela passagem da primeira metade do ano,) do dia 15 de julho,
higan (ofícios budistas de equinócio da primavera
e do outono), obon (culto aos mortos), seibo (comemoração
pela passagem profícua da segunda metade do ano), etc.
são oferecidos aos pais, sogros, padrinhos, patrão,
ou seja, às pessoas que devem ser respeitadas. Normalmente,
são oferecidos produtos alimentícios, tais como
arroz, mochi, peixe, macarrão, etc. Nessas datas, não
só cultuavam as almas dos antepassados, mas também
havia o costume de comemorar a saúde e o bem estar dos
pais presenteando com peixe.
Para
os presentes mais pessoais para comemorar a maioridade, casamento
ou ainda para demonstrar préstimos no funeral, doença,
incêndio e inundação são apreciados
não somente os produtos alimentícios, mas também
artigos de uso cotidiano ou mesmo dinheiro embrulhado com mizuhiki
(fino cordão feito com papel e cola e tingido de vermelho
e branco, ou de branco e preto preso com papel dourado ou prateado).
No funeral, por exemplo, atualmente, oferece-se apenas kôden
(dinheiro para despesas com incenso), mas antigamente, ofereciam-se
também, velas, saquê, nishime (cozido japonês)
e arroz com feijão branco.
Shugichô
- Caderneta das celebrações
Hoje em dia, vivemos uma época árida em que mal
cumprimentamos os nossos vizinhos, mas até antes da Segunda.
Guerra, as participações nos principais eventos
era algo indispensável para um bom convívio social.
Assim, cada família possuía uma shugichô
(caderneta de celebrações) onde anotava quando,
quem e o que recebeu, ainda o que foi oferecido, para quem e
em que ocasião.