Fotos: Divulgação
/ Arquivo NB
Desde 1612, início da Era Edo, muitas ordens de
proibição do fumo foram expedidas
|
Que
o fumo prejudica a saúde, está comprovado, tanto
que se desencadeou no mundo inteiro uma campanha encabeçada
pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
de combate a esse hábito. Desde 1988, o Dia Mundial de
Combate ao Fumo é celebrado anualmente em 31 de maio.
Para os fumantes, a situação é de desconforto,
pois são restritas as áreas onde se pode fumar,
tanto em lares como em locais de trabalho. O cigarro é
um problema social.
Origem
no continente americano
Na segunda metade do século XV, quando Colombo descobriu
a América, os europeus conheceram o fumo, recebido dos
nativos como objeto de permuta. Na época, acreditou-se
que o ato de fumar seria eficaz para o tratamento de doenças,
e o fumo foi valorizado e divulgado como uma nova espécie
de erva medicinal. A igreja, porém, considerou o fumo
um pecado mortal e condenou os infratores ao inferno. Consta
também que um imperador da Turquia ordenou a decepação
do nariz e das orelhas dos fumantes, condenando-os ao exílio.
Fumar soltando abundante fumaça pelas narinas foi considerado
deselegante e houve época em que o rapé esteve
na moda entre a nobreza. Nos Estados Unidos, também já
houve leis que proibiram fumar em público, sem, entretanto,
frear o gosto pelo cigarro.
A
proibição do fumo na Era Edo
Os antigos japoneses chamavam o fumo de en-mei-gusa (erva que
prolonga a vida), ou wasure-gusa (erva do esquecimento), ressaltando
o fato de o fumo proporcionar o esquecimento de coisas desagradáveis.
Uma versão diz que o fumo foi introduzido no Japão
pelos portugueses, em meados do século XVI, mas parece
merecer maior credibilidade a versão dos registros espanhóis
de que, em 1599, Tokugawa Ieyasu enviou o jesuíta português
Jerônimo de Castro como emissário para se encontrar
com o vice-rei das Filipinas. No retorno do jesuíta,
em 1601, havia entre os presentes recebidos do vice-rei o tabaco
e a sua semente. Depois disso, a erva teria se difundido rapidamente
em todo o país. Dizem, inclusive, que o boato de que
a erva combateria a sífilis, doença trazida pelos
portugueses, teria contribuído para a difusão
do fumo.
Desde
1612, início da Era Edo, muitas ordens de proibição
foram expedidas. Além disso, por diversas vezes, foi
promulgada a lei de erradicação do cigarro, sendo
proibidos não só o fumo, como também sua
produção e venda, ocorrendo, em 1617, a busca
e a apreensão dos cachimbos. Inicialmente, o fumo era
usado picado no papel, mas, aos poucos, foi se tornando popular
o fumo picado utilizado em cachimbos, a princípio consumido
por samurais e, mais tarde, por habitantes urbanos, mulheres
e até crianças, quando passou a ser produzido
pelos feudos com finalidade lucrativa, sendo um produto agrícola
com valor monetário. Na Era Meiji, em 1886, foi fundada,
em Tóquio, a Associação Feminina Kyofukai,
que combateu o fumo e o uso de bebidas alcoólicas; em
1894, o Ministério da Saúde expediu a ordem de
proibição do fumo aos estudantes do curso primário
e, desde 1987, é divulgado anualmente o Relatório
Oficial sobre Cigarros, destacando seus malefícios.
Queimando
impostos
Os impostos que incidem sobre o cigarro no Japão chegam
ao nível estarrecedor de 60%! O total da venda de cigarros
é de 2,8 trilhões de ienes, dos quais o cofre
público abocanha 1,9 trilhões. Pelas estatísticas
de 2002, 45,9% dos homens e 9,9% das mulheres são fumantes,
sendo que a população com idade superior a 15
anos fuma, em média, 2.861 cigarros por pessoa ao ano.
Do cigarro comercializado no mercado, 26,7% são de origem
européia. O preço de um maço (contendo
20 cigarros) é de US$ 2,18, bem mais caro que no Brasil
(US$ 0,57), mas barato em relação a outros países.
Parar
de fumar traz benefícios não somente para a saúde,
como também para o bolso. Se você é um fumante
assíduo, pense nisso. Poderá até, de quebra,
contribuir para a preservação do meio ambiente!