Fotos: Divulgação
/ Arquivo NB
No dia 4 de junho, comemora-se o Dia de Prevenção
da Cárie Dentária no Japão. A razão
da escolha desta data é que a cárie dentária
no idioma japonês se diz mushiba, sendo que mu
seria uma das leituras do número 6 e shi
do número 4. Dizem que a saúde começa pelos
dentes e, atualmente, os dentes esteticamente bonitos fazem
parte dos cuidados pessoais.
A
história da cárie
Tipo de dentadura (arcadas superior e inferior) utilizada
no Período Edo
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A
mais antiga cárie detectada na humanidade data de 200
mil anos atrás, no homo sapiens neanderthalensis. O mal
tornou-se mais freqüente 10 mil anos antes da revolução
da agricultura, e seu auge foi desencadeado pela produção
de açúcar em grande escala, no século XVI,
e sua comercialização no mundo. Desde então,
a cultura alimentar da humanidade deixou de ser voltada apenas
para a sobrevivência para abranger também o prazer
do paladar.
Qual
é a melhor contramedida?
Basicamente, a solução seria a redução
do consumo de açúcar. O homem moderno ingere,
nos intervalos das refeições, doces, refrigerantes,
energéticos esportivos e similares. Estranho seria se
não tivéssemos cáries, pois as condições
para o desenvolvimento delas são perfeitas. O correto
seria não consumir nada nos intervalos entre as refeições,
especialmente antes de dormir, pois a combinação
da flora bacteriana bucal com o açúcar é
fatal. Outro ponto importante é escovar bem os dentes
após as refeições.
Dizem
que a origem do hábito de escovar dentes seria na Índia.
Sakyamuni, fundador do Budismo, também ensinava a seus
discípulos a importância de higienizar os dentes
com pequenos ramos de bodaiju (tília: uma espécie
botânica). Os benefícios seriam: 1. Eliminar o
mau hálito; 2. Melhorar o sabor dos alimentos; 3. Eliminar
o calor interno da boca; 4. Eliminar o catarro; 5. Melhorar
a acuidade visual. Sobre este último item, as razões
são desconhecidas. O hábito foi difundido durante
o Período Heian entre sacerdotes, nobres e soldados,
chegando até os populares no Período Edo. Mesmo
antes disso, na Antiguidade, havia o hábito de purificar
o corpo e higienizar a boca enxagüando-a ou lavando-a com
sal e dedo antes de visitarem templos xintoístas.
A
mais antiga dentadura postiça
Pelos registros históricos, a mais antiga dentadura pertenceu
à monja Hotokehime, falecida em 1538, aos 74 anos de
idade, no templo Joganji, Município de Wakayama. A peça
era feita de madeira esculpida, formando um único bloco
com a parte dos dentes. Na época, já havia no
Ocidente próteses para fins estéticos, mas acredita-se
que esta dentadura japonesa era efetivamente usada para mastigação,
pois os dentes do fundo apresentam-se desgastados. A peça
prendia-se à mucosa da arcada superior desdentada por
efeito ventosa. Para os dentes da frente, eram utilizados materiais
como agalmatolite, ossos de animais, marfins e dentes humanos
extraídos que eram implantados.
E
quanto à dor de dente?
Somente a classe dos proprietários podia recorrer aos
médicos quando tinha dor de dente. Antigamente, os populares
não tinham outra saída senão rogar para
as divindades e santos por meio de visitas a santuários,
purificações, amuletos e proteções,
preces, fórmulas mágicas, acupuntura, moxabustão,
fitoterapia, etc. para suportar as dores.
O
Brasil é um dos países mais avançados do
mundo na área de Ortodontia. Tanto é que familiares
e funcionários enviados de multinacionais e voluntários
vindos do Japão fazem aqui o tratamento dentário
e ortodôntico com custos incomparavelmente mais baixos
que lá. De qualquer forma, é necessário
tratar os dentes com carinho e cuidado.