Como profissional
de RH, entrevistando dezenas de pessoas ao longo dos anos e sendo nissei
(segunda geração), um tema recorrente sempre vinha à
baila: por que será que os nikkeis são tão tímidos,
introvertidos e tem tanta dificuldade de se relacionar com os outros”?
Não são todos, mas a média é muita alta, sem
sombra de dúvida.
Tomei a mim mesmo como parâmetro. Fui tímido desde quando
me entendi por gente. Quando tinha meus 9 a 10 anos, naquela época
morava no interior de SP, já fazia as minhas primeiras divagações
filosóficas e, cheguei a conclusão que essa qualidade, ou
melhor dizendo, defeito, não fora produto do meio e de influências
externas. Já havia nascido com ela.
Análises a parte, percebi tempos depois, no convívio social,
e principalmente no ambiente escolar e profissional, que a timidez é
característica marcante de muito japoneses e seus descendentes,
a ponto de serem rotulados como tal, como se fosse um estereótipo.
Independente das justificações apresentadas pela psicologia,
psicanálise ou sociologia, não podemos negar que, realmente,
a extroversão e a expansividade não fazem parte do “DNA”
da maioria dos nikkeis, como encontramos entre os brasileiros, conhecidos
por sua espontaneidade e desenvoltura.
A timidez não ajuda muito, atrapalha! A vida de um profissional
tímido não é fácil. Normalmente, é
preterido nas promoções e demora mais para crescer na carreira.
Hoje, as empresas buscam pessoas com energia, proativas, alegres e que
demonstrem vontade de aprender. A timidez em excesso dificulta a interação
entre os funcionários e o grupo e com a própria empresa,
afastando a chance de conseguir uma promoção. A passividade
e a introversão não conquistam nem cativam os dirigentes.
Mas, nem tudo está perdido, desde que saibamos aproveitar o lado
positivo desta timidez. Até mesmo dentro do ambiente corporativo.
Como afirmam algumas publicações recentes que não
é preciso vencer a timidez para ter sucesso no trabalho. O líder
tímido tende a ser mais aberto a sugestões, mais tranquilo
em momentos de pressão e, em geral, possui maior capacidade de
observação e, por isso, compreende melhor o que acontece
ao seu redor.
Em determinadas situações, os introvertidos e tímidos
podem ser, inclusive, melhores líderes do que os extrovertidos
e, essas características vem sendo vistas como algo produtivo,
como algo fundamental para a criatividade e a inovação.
Os bilionários Bill Gates, da Microsoft e Warren Buffet, da Berkshire
Hataway, são considerados exemplos de profissionais tímidos
e com sucesso.
Para aqueles que procuram, mesmo assim, superar essa limitação,
seguem algumas dicas: “não deixem de acreditar no seu talento;
não se isolem; adotem uma postura positiva e simpática;
explorem seus pontos fortes (algo você deve ter a mais) e não
fujam das responsabilidades”. Até este colunista, tímido
que foi, tornou-se um pouquinho menos tímido.
Diz a sabedoria popular que “ a pérola não tem nenhum
valor no fundo do mar”. Portando, saia da zona do conforto e busque
contato com pessoas. Nada acontecerá ser permanecer mudo em seu
cantinho.
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