Gostaria de comentar aqui dois fatos recentes, de
repercussão nacional, que nos levam a pensar um pouco com
os nossos próprios botões.
O resultado das urnas foi uma demonstração
eloquente da insatisfação dos eleitores em relação
ao status quo e desmistifica o conceito que o povo é
alienado; pode não ser culto e educado, mas tem sensibilidade
e sabe onde o calo dói. Que isso sirva de estímulo
para os políticos mais jovens que estão chegando,
e dê exemplo para os mais antigos colocarem a barba de molho,
se não o bicho pode pegar.
Outro assunto, não menos importante, e que
vem agitando os ambientes político e educacional é
a reforma do ensino médio.
O governo enviou ao Congresso Nacional, no mês
passado, uma Medida Provisória que pretende dar uma chacoalhada
no velho ensino médio, uma antiga reivindicação
que tem o apoio de grande parte dos educadores. A medida tem por
objetivo a flexibilização dos currículos, tornando-os
mais atraentes, bem como a especialização dos alunos
por área de interesse. Como se fosse um debate sobre futebol,
o assunto correu pelas redes sociais e pela imprensa, gerando dúvidas,
discussões e controvérsias.
Em síntese, a medida pretende fazer o aluno
continuar estudando uma grade fixa de disciplinas obrigatórias,
comum a todos os estudantes, que ocupará metade do tempo
e, a outra metade, será preenchida pelo aluno conforme a
sua predileção. Será unir o útil ao
agradável, e não como hoje, onde o nosso ensino médio
é engessado, extenso e pouco prático. Não adianta
obrigar os jovens a aprender quase tudo e saber tão pouco,
como ocorre atualmente.
Lembro-me que na minha época, e já
faz tanto tempo, o ensino médio ou ensino de 2º Grau
ou Colegial, como era conhecido, tinha divisão entre científico
e clássico, conforme a opção do estudante,
com aulas , além das 13 exigidas atualmente, de francês
e latim, que me foram úteis ao longo da vida. Hoje, essa
grade soaria como démodé , justificando
uma iniciativa como essa do governo.
Sabemos que o nosso ensino médio tem apresentado
resultados sofríveis e, o que é pior, 700 mil jovens,
a cada ano, não completam o ciclo básico. A MP prevê
aumento da hora de estudos, aumento do número de escolas
integrais e flexibilização da grade curricular. O
aluno passa a poder escolher, a partir do fim do 1º ano, o
que estudará nos dois anos seguintes entre cinco grandes
áreas do conhecimento: linguagens, matemática, ciências
da natureza, ciências humanas e ensino profissional. Imagina-se
que a oportunidade de receber formação para o mercado
de trabalho ainda na escola poderá mudar a trajetória
social desse jovem.
Como toda grande mudança, a reforma do ensino
médio enfrentará desafios e ensejará discussões,
mas é indiscutível que ela é uma necessidade
do País e merece total urgência. Como bem disse Eliane
Cantanhêde, jornalista, citando o filósofo Tiririca,
Pior do que está não fica!
A educação é a arma mais
poderosa que você pode usar para mudar o mundo.
(Nelson Mandela )
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