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Conversando de RH

23 de janeiro de 2016
Crianças dão lição em Master Chef

Uma crônica da jovem e talentosa Vanessa Bárbara, no Caderno 2 do Estadão, discorrendo com humor sobre: "coisas que nunca soube fazer direito, ainda que continue tentando", fez aflorar uma de minhas frustrações (e tenho muitas), que é "não saber cozinhar". Quando muito, um ovo frito, ou um milho cozido, que não necessitam de muita arte para realizá-los. Tinha mais uma habilidade, que era fazer pipocas, mas, com o advento do micro-ondas, até isso me foi retirado. Sinto inveja dos meus amigos Washington e Eloisa-san, talentosos nessa arte. Tenho até pensado em recomendá-los para algum desses programas-sensação na TV, atualmente, um verdadeiro reality show na arte de cozinhar.

O curioso é que, mesmo diante de minha gritante falta de jeito, sou fã dos programas de culinária, hoje tão em voga na televisão. Principalmente os "master chefs" da vida, nas versões tupiniquim, mexicana, australiana e até argentina. Só não encontrei ainda a japonesa, mas ela deve existir, com certeza.

A propósito, outro dia, sem querer, por falta de opção, assisti a um episódio do Master Chef argentino, cuja prova imposta aos candidatos era preparar um sushi, segundo as orientações e o ensinamento previamente apresentados pelo famoso chef Mestre Iwao Komiyama, argentino e considerado "el mejor chef japonês del mundo residente fuera del Japón". A maior dificuldade com a qual os candidatos depararam foi a de encontrar o ponto certo de cozimento do arroz, detalhe para o qual o Professor Iwao já havia alertado. Segundo ele, o preparo do arroz representa 70% do sucesso de um bom sushi. Alguns falharam redondamente, a ponto de um dos jurados, provando a "obra-prima" de um dos jovens, cujo arroz se esfarelava em suas mãos, afirmar, sem dó nem piedade, que aquilo nunca tinha sido um sushi, nem aqui, nem na África.

Ainda a respeito do assunto, no último trimestre de 2015, na esteira do sucesso do programa de adultos, foi apresentada a sua versão "Júnior", intitulada Master Chef Júnior Brasileiro, com a participação de crianças entre 9 e 13 anos. A Professora Marisa Eboli, da FEA-USP, em sua coluna de Empregos no Estadão do último dia 10, fez interessantes observações sobre as duas competições: Master Chef Adulto e Master Chef Júnior. Ela observou que as crianças eram muito mais cooperativas entre si, mesmo em situação de competição. Era comum ver criança saindo de sua bancada para levar algo de que outra colega estivesse necessitando. Na prova final, entre Lorenzo Ravioli, 13 anos, e Lívia Lopes, 12 anos, a disputa foi acirradíssima. Lívia, quase no limite do tempo, encontrava dificuldade para finalizar sua sobremesa. Mesmo sabendo que se tratava de uma disputa decisiva, Lorenzo, espontaneamente, foi até a bancada de sua oponente para ajudá-la a limpar o prato da sobremesa e, assim, permitir uma melhor apresentação visual perante os jurados. Lorenzo declarou, mais tarde, que eles eram concorrentes, mas isso não significava que eram inimigos.

Enfim, as crianças deram uma lição aos adultos, com comportamentos e atitudes tão valorizados hoje em dia no mundo corporativo, como:

- responsabilidade e generosidade;
- companheirismo;
- solidariedade;
- espírito esportivo;
- respeito;
- inocência e seriedade;
- trabalho em equipe;
- competição com ética.

Quem sabe eu ainda consiga preparar uma saborosa "rabada com polenta", segundo a receita dos citados amigos no início deste texto! Afinal, sou jovem ainda... para aprender.



Katsuo Higuchi
Profissional de RH; como executivo e empresário , atua
na área há mais de 40 anos. Foi diretor da empresa AVANCE DO BRASIL.
e-mail: rk.higuchi@gmail.com

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