Uma palavra que sempre despertou a minha curiosidade, eu, um nissei
neófito na língua japonesa, é omotenashi.
Eu tinha alguma noção, mas não sei se pela
sonoridade, ou por ela não fazer parte das expressões
usuais do meu cotidiano, mas achava que qualquer hora necessitaria
me aprofundar na sua origem.
Isso aconteceu em decorrência de dois fatos recentes. Fui
quase que instado a buscar o real significado dessa palavra, recorrendo
à fantástica ferramenta que dispomos hoje: a internet.
Um dos fatos que me levaram a isso foi a recente viagem realizada
pela minha filha ao Japão, do qual ela voltou encantada e
admirada, embora não tivesse tanto motivo para esse deslumbramento,
visto que ela reside e trabalha há alguns anos na Suíça,
país que também é um modelo de eficiência
e organização. A educação do povo, a
limpeza das áreas públicas, a cortesia das atendentes
das lojas e das comissárias do shinkansen foram alguns aspectos
que a impressionaram vivamente. O outro fato foi o reencontro com
o meu amigo, o engenheiro Roberto Tuji, que, depois de 20 anos vivendo
e trabalhando no Japão, retornou ao seu Brasil querido para
dedicar-se à atividade de coach, aplicando sua rica experiência
adquirida - e utilizando-se dos conceitos de omotenashi.
Valendo-me das valiosas informações existentes na
internet, de autoria do consultor Takamura e da jornalista e escritora
Anna Shudo, ambos com grande conhecimento da cultura nipônica,
aprendi que omotenashi não é apenas uma expressão,
mas também representa toda uma filosofia de comportamento
enraizada no dia a dia dos japoneses. Como afirma Anna Shudo, aos
olhos dos nativos, omotenashi é o óbvio, é
uma coisa natural. Mas, para o estrangeiro que vai visitar o Japão,
é um encanto, uma coisa admirável. Foi essa a impressão
que teve a minha filha na recente viagem que fez àquele país.
Omotenashi significa procurar fazer o melhor possível para
agradar ao visitante, ao cliente, de uma forma pura, sem segunda
ou terceira intenção. Essa postura se reflete em expressões
como a pontualidade do transporte público, a limpeza dos
espaços comuns, a gentileza das atendentes de lojas, a luva
branca dos motoristas de táxi etc.
Essa atitude, quase uma filosofia de vida transmitida de forma
sutil, delicada, quase sempre de forma discreta, foi bem ressaltada
e utilizada pela famosa apresentadora Christel Takisawa, por ocasião
da definição da sede dos Jogos Olímpicos de
2020, que calou no fundo do coração não só
dos japoneses, mas também das autoridades, que decidiram,
no fim, pela escolha do Japão. Ela fez todo mundo refletir
sobre o omotenashi.
Hoje, o conceito de omotenashi é adotado até nas
gestões comerciais, com destaque para os serviços
de atendimento aos clientes, sendo perfeitamente aplicável
em todos os segmentos de negócios, seja no ambiente corporativo,
seja para o consumidor final. É o que vem desenvolvendo o
amigo Roberto Tuji, com o seu trabalho de coach e treinamento, focando
a fidelização e o encantamento do cliente. Uma feliz
iniciativa!
Seria muito bom se praticássemos omotenashi aqui no Brasil.
Com isso, muita coisa haveria de mudar.
Proximamente, voltarei a esse tema, mas para falar de omotenashi
aplicado à atividade rural e agrícola.
Katsuo Higuchi
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