O carnaval é, sem dúvida, a maior
manifestação popular da cultura brasileira, rivalizando
com o futebol e, pela sua grandiosidade, representa uma das características
mais marcantes sob o olhar dos estrangeiros e do mundo.
Nunca fui folião de carnaval, nem mesmo como
mero espectador desses desfiles quase cinematográficos que
ocorrem em sambódromos, a não ser, ainda garoto, participando
inocentemente dos cortejos de rua, na minha Tupã de
saudosas lembranças.
Entretanto, sempre admirei, nos desfiles de carnaval
que se realizam nesta época, a incrível performance
das escolas de samba, que desfilam sua imponência e brilho
pelas passarelas. O magnetismo do samba-canção, as
alegorias, a bateria que empolga e estremece as arquibancadas, o
ritmo febril e insinuante das passistas, as alas que evoluem como
se estivessem em uma pista de dança, enfim, todo esse cenário
fantástico de luz, cores e gentes sempre me causou enorme
admiração. Como um sonho em noite de verão,
cada grupo tem pouco mais de 60 minutos para transformar em realidade
o desejo acalentado durante o ano inteiro. Tudo isso explode
nesses dois dias mágicos do carnaval, numa apoteose fantástica,
que beira a perfeição.
Parte indissolúvel dessa manifestação,
as escolas de samba surgem como uma grande fábrica de emoções,
com uma estrutura complexa, semelhante a uma enorme empresa, com
mais de 3 mil participantes, cujo único objetivo é
alcançar a nota 10, oferecendo em troca um show de
emoções, encantamento e alegria, para seus diferentes
"Clientes".
Se fixarmos nosso olhar atentamente em tudo isso,
perceberemos que, por trás desse clima festivo, muitas vezes
confundido com "bagunça", o carnaval pode nos ensinar
bastante sobre gestão empresarial. Os aprendizados que dele
tiramos podem ser facilmente aplicados ao ambiente corporativo.
Segundo um conhecido mestre de bateria: "[a]
escola de samba funciona como uma empresa, inclusive precisa ter
lucro para garantir a sua sustentabilidade". Com experiência
de mais de vinte anos, ele faz palestras motivacionais em empresas,
baseadas na organização das agremiações
de sambistas. Ela gera muitos empregos, alguns durante quase um
ano inteiro, mantém todos os colaboradores motivados e empolgados,
desenvolve novos processos e produtos, gerencia verbas e tempo e
administra uma enorme quantidade de pessoas, com cultura, formação,
objetivos e responsabilidades diferentes.
Eis algumas lições que as escolas
de samba podem nos ensinar:
- espírito de organização
e planejamento;
- estratégia/meta;
- espírito e trabalho em equipe/motivação;
- treinamento/criatividade;
- disciplina/liderança;
- administração do tempo/logística;
- evolução/harmonia;
- paixão pelo trabalho.
A escola de samba é fruto de trabalho, identificação
com o projeto, dedicação, disciplina e competência
de todos em busca de uma só meta - ganhar o prêmio
para a sua agremiação: a nota 10!
Paz e luz para todos!
Katsuo Higuchi
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