Ryûho trabalhava na confecção
de bonecas ornamentais hina-ningyô. Foi discípulo de Teitoku,
posteriormente tendo se afastado, fundando sua própria escola. Treinado
em renga, waka, caligrafia e pintura, é considerado um dos inventores
do haiga (ilustração que acompanha o haicai). Como muitos
haicais, este também empresta sua base de versos da Antiguidade.
No caso, a fonte é um poema kanshi (à moda chinesa) composto
por Sugawara-no-Michizane (845903), literato e político da
Era Heian. Seus primeiros versos dizem mais ou menos o seguinte: Na
primavera, ao anoitecer,/ A lua do Ano Novo./ Até o céu se
embriaga ante as flores/ Do pessegueiro e da ameixeira. O haicai evoca
a paisagem das cerejeiras floridas, tão fulgurante, que parece entorpecer
os sentidos. Ao observar a marcha desordenada das nuvens, comparando-a aos
passos de um bêbado, o autor pergunta a si mesmo se até o céu
não estaria embriagado diante de tanta beleza. Ryûho sente-se
à vontade manipulando temas da literatura clássica, sendo
este haicai considerado um dos mais representativos de sua obra. A estação
é primavera e o kigo é flores (de cerejeira). |