Este haicai não tem kigo (palavra de estação),
o que é raro, mas não incomum. Em seu lugar, emprega o utamakura
(epíteto poético) yoshino yama (Monte Yoshino, situado na
atual província de Nara).
Desde a Antiguidade, milhares de cerejeiras plantadas nas encostas do
Monte Yoshino atraem poetas que nelas se inspiram. Entretanto, o que mais
profundamente impressiona o autor não são as flores. É
o Monte Yoshino como cenário das batalhas descritas no Taiheiki
(Crônica da Grande Pacificação, de autor anônimo).
Essa obra narra acontecimentos do século XIV, quando a guerra dividiu
o Japão entre dois imperadores (a Corte do Norte, com sede em Quioto,
e a Corte do Sul, com sede em Yoshino). Os conflitos terminaram com a
vitória do Norte e a eliminação da Corte do Sul e
da dinastia imperial.
Num movimento típico do haicai, Shikô rompeu a tradição
de se associar o Monte Yoshino às flores de cerejeira e compôs
seus mais famosos versos.
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