Há dois kigo (termos de estação) neste haicai:
ari (formiga) e atsusa (calor), ambos remetendo ao verão.
Do lado de fora, o sol abrasa quantos passem pela rua. O interior da
casa também é quente. Sem ânimo para nada, seu morador
se desfaz em suor. Sua única ocupação é acompanhar
com os olhos o deslocamento de um ponto negro pelo tatami (esteira de
palha de arroz que cobre o chão das moradias japonesas). Esse ponto
negro é uma formiga que, por maior que seja, ainda é minúscula
se comparada à extensão do tatami.
Nos haicais clássicos, são incontáveis os exemplos
que teminam com a locução atsusa kana, (ah, tanto calor!).
Entretanto, este poema é sempre lembrado por ilustrar a técnica
do ponto focal, isto é, concentrar a descrição
em um pequeno detalhe do ambiente. Trata-se do haicai mais famoso de Shirô,
médico de Nagoia e discípulo de Kyôtai.
|