O kigo deste haicai é mushi no koe (canto dos insetos) e a estação
é outono. O banho em tina de água, com o propósito
de refrescar o corpo, podia ser tomado dentro da casa ou até mesmo
no jardim, ao ar livre. À medida que as tardes tornam-se mais frias
com o fim do verão, o banho vespertino, até então
prazeroso e indispensável, passa de diário para uma vez
a cada dois dias, a cada três dias e assim por diante. Por outro
lado, no jardim, dia após dia, torna-se cada vez mais freqüente
a cantoria dos insetos que, delicadamente, anunciam a chegada da nova
estação. O canto citado é produzido pelos
machos de insetos como grilos e esperanças, que produzem ruídos
a partir da fricção de órgãos de seus corpos.
Em muitas culturas, inclusive no Japão, era costume engaiolar
grilos à maneira de pássaros, para que melhor se pudesse
apreciar seus sons. A transição do verão para o outono,
anotada a partir de costumes cotidianos, é o ponto de interesse
desses versos que, além disso, servem como um bom exemplo de como,
na poesia de haicai, a existência humana e a paisagem natural não
se separam.
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