(Arquivo
Jornal NippoBrasil)
Japão.
1954. O desejo de um pai de preparar o filho para ter um futuro
feliz dá origem ao método Kumon. (ver box abaixo).
A partir daí, esse sistema de estudo individualizado expandiu-se
para o resto do mundo. A primeira unidade fora do Japão
foi instalada em Nova Iorque, em 1974. Hoje existem mais de 68
mil unidades franqueadas em 44 países, com mais de 3 milhões
de alunos. No Brasil, o Kumon, que compreende as disciplinas de
matemática, português e japonês, chegou em
1977, em Londrina (PR), e atualmente conta com 1.550 franquias
e quase 90 mil alunos. Este ano, o Kumon Instituto de Educação
completa 25 anos de atuação no País em novembro.
O
método
Reconhecido
mundialmente como um dos principais métodos de ensino individualizado
de crianças e adultos, o objetivo do Kumon é atingir
diretamente as necessidades específicas de cada um, portanto,
as aulas não são expositivas e o aluno não
fica vinculado ao andamento da turma que se encontra: O
método respeita a capacidade individual do aluno e o ritmo
de aprendizagem de cada um, afirma Carlos Henrique Zigioti,
chefe de coordenação pedagógica do instituto.
Disciplina, concentração e autoconfiança
O aluno deve detectar e corrigir os próprios erros
até chegar à nota 100 em cada material feito. A
autocorreção promove a assimilação
do conteúdo estudado, possibilitando um avanço.
Se o objetivo não é alcançado, o aluno repete
os temas dos exercícios em que teve dificuldade, até
obter a nota 100.
O aluno
freqüenta a unidade duas vezes por semana e faz lições
diariamente em casa. Cada lição aplicada deve ser
concluída no período de uma hora. Nas lições
de casa, o aluno deve fazer os exercícios diários
em 30 minutos. Nós utilizamos as disciplinas como
ferramentas para desenvolver no aluno algumas características,
como concentração, hábitos de estudos diários,
autoconfiança e auto-estima, para que ele também
possa se tornar um bom aluno nas outras disciplinas, explica
Zigioti.
Material didático: japonês para iniciantes e iniciados
O aluno compete com ele mesmo
Em cada aula o aluno recebe comentários do orientador
sobre o estudo do dia e também sobre as próximas
lições. Aluno e orientador compartilham um plano
de estudos com metas. Assim, ele pode avançar consciente
do seu desempenho e do objetivo dos conteúdos seguintes.
No dia a dia, o aluno compete com ele mesmo. Não há
competição entre alunos nem comparação
de notas e, sim, com o desempenho dele em relação
à aula anterior. Assim, ele desenvolverá as características
que o método visa.
Por onde começar
Segundo Zigioti, o sistema é aplicado em crianças
pré-escolares, adultos e pessoas da terceira idade, após
passarem por um diagnóstico que determina o ponto inicial
e o ritmo de aprendizado que será desenvolvido durante
os estudos: Faz-se uma entrevista com uma orientadora que
avalia o perfil do interessado: se gosta ou não de determinada
matéria; se tem o hábito de estudar todos os dias;
qual o objetivo do aluno. Depois, aplica-se um teste para verificar
até que nível esse candidato domina e a partir de
onde ele começa a ter dificuldades, onde é determinado
o ponto de partida.
Mais
do que um simples reforço
Diferente
do que a maioria das pessoas pensa, o Kumon não é
uma aula de reforço: É muito mais do que isso.
É um método que vai desenvolver o hábito
de estudos diários, a organização e, com
isso, também explorar as habilidades disciplinares. O aluno
estuda de acordo com a sua capacidade e evolui nos conteúdos
sem se prender à idade ou série escolar. Ele tem
a oportunidade de avançar a conteúdos que ainda
não viu na escola. Apesar de ser um método individualizado,
não é particular. Ele respeita o ritmo do aluno,
por isso é individualizado. Segundo Zigioti, o aluno convive
com outros estudantes de outras idades e séries.
Ao
adiantar-se nos conteúdos em relação à
série escolar, o aluno vai adquirindo autoconfiança
e capacidade de buscar novos conhecimentos.
Estágios
O método Kumon é dividido em estágios.
Não dá para especificar um tempo de duração
de cada um. Se o aluno for aplicado, esforçado, ele tem
a chance de concluir o método em menos tempo, diz
Zigioti.
Matemática
São 21 estágios. O primeiro começa com
as operações básicas ( soma, subtração,
divisão e multiplicação). O nível
de dificuldade aumenta de modo suave, permitindo a evolução
gradativa do aluno, chegando até os trabalhos mais desafiadores,
como equações mais complexas.
Material didático: tabuleiros nas aulas de matemática
Português
O curso de Português é dividido em 13 estágios,
desenvolvendo o gosto pela leitura, a capacidade de interpretação
de textos e de síntese. Nos níveis mais avançados,
o aluno terá contato com a literatura nacional e internacional.
Japonês
O objetivo do curso de Japonês é proporcionar
ao aluno o domínio da escrita e o desenvolvimento da capacidade
de leitura. O curso é dividido em dois blocos:
-
Nihongo: Material voltado para brasileiros com tradução
e explicação em português, facilitando o
aprendizado para aqueles que nunca tiveram contato com o idioma.
-
Kokugo: Material voltado para aqueles que já têm
algum conhecimento do idioma ou que são concluintes do
Nihongo. Não é traduzido e trabalha com textos
de temas variados.
Segundo
a coordenadora do curso Masayo Kobayashi, há uma grande
procura dos dekasseguis pelo curso: Como eles têm
pressa em aprender, nós adaptamos o curso para que a aprendizagem
seja mais rápida. Mas tudo depende do desempenho do aluno.
Respeito
e humildade
Virgínia Aranha Bueno do Carmo é coordenadora
e orientadora da unidade Kumon de Santo André há
quatro anos. Seus alunos variam de 4 anos e meio a 77 anos. Para
ela, não há dificuldades para lidar com pessoas
de tão variada idade: Difícil mesmo são
os alunos que não vêm.
Virgínia
diz que a percepção e a sensibilidade de quem faz
Kumon são totalmente diferentes de um aluno que só
estuda em escola normal: Nós não estamos aqui
para ensinar apenas matemática ou português; nós
estamos ensinando uma postura de vida que o aluno irá aplicar
pela vida toda.
O papel
da orientadora é dar dicas nos momentos necessários.
Assim, ele é levado a desenvolver a capacidade de buscar
o conhecimento e tornar-se independente.
Virgínia,
através de seus atos, serve como exemplo para os alunos:
Respeitando a opinião deles é que eles vão
passar a respeitar os outros, porque eles vivem do exemplo que
as pessoas passam. É tudo através do exemplo.
Boas
notas
Eduardo Seigi Saton, de 10 anos, e Amanda Midori Saton, de
8 anos, são irmãos e estudam no Instituto Kumon
de Santo André há mais de dois anos. Gosto
de estudar no Kumon porque estou aprendendo mais do que na escola,
diz Amanda que, junto com o seu irmão, faz parte da lista
dos alunos adiantados. Antes, Eduardo não gostava de estudar:
As notas na escola não eram tão boas, mas
agora melhoraram, revela o garoto.
Brasileiros
estudam Japonês
Curiosamente, o curso de japonês é muito requisitado
por brasileiros, como é o caso de Anderson de Almeida Oliveira,
de 18 anos. Há três anos, ele já concluiu
o curso de Nihongo e agora está estudando o Kokugo. Assistindo
aos desenhos animados japoneses, despertei o interesse pelo idioma,
conta Anderson, que hoje é auxiliar da unidade Kumon da
Vila Diva, em Sapopemba, São Paulo, devido ao seu bom desempenho.
Anderson
está fazendo cursinho para entrar na faculdade. Quando
perguntado sobre o curso que deseja fazer, adivinhe a resposta?
Tradutor e intérprete de japonês.
Nunca
é tarde para aprender
Antônio Bueno do Prado, de 77 anos, estuda matemática
há cerca de dois anos. Ele, diferentemente dos alunos mais
jovens, procurou a entidade para se distrair: Eu acho o
Kumon uma distração, uma diversão. Além
do mais, sempre há novidade, o ambiente faz a gente ficar
informado e atualizado.
Antes
de se aposentar, Antônio trabalhou durante muito tempo como
instalador de ferramentas em prensas em uma grande empresa automobilística.
No entanto, não teve a oportunidade de estudar. Hoje, estudar
no Kumon é um passatempo. Mesmo assim, ele sabe da importância
de se manter informado: Você fica parado e, na conversa
com um amigo, não tem o que responder. Estando atualizado,
você tem assuntos para discutir.
Em
um concurso de leitura em voz alta, realizado no ano passado no
auditório da unidade, Antônio ficou em primeiro lugar
em sua categoria: Basta querer e ter vontade.
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