Kimiko Suenaga imprime à peça traços suaves. A artista que já
havia trabalhado com forno a gás no Japão, decidiu mudarse para
o Brasil onde poderia ter um noborigama. Ela e o marido Gilberto
Jardineiro fazem a abertura do fornada, que é um verdadeiro ritual
e dura um dia inteiro, com exposição das cerâmicas desde 88.
IMIGRAÇÃO
DOS CERAMISTAS
E, foi em Cunha, na serra da Bocaina, que se instalaram os primeiros
artistas que trouxeram a milenar arte japonesa para estas terras.
A imigração se deu em dois momentos. Em 1975 quando
as dupla japonesa Mieko e Toshiyuki Ukeseki e os portugueses Maria
Estrela e Alberto Cidraes, que já haviam trabalhado juntos
no Japão, montaram um centro comunitário de produção,
o Atelier do Antigo Matadouro.
Ainda
no Japão, haviamos alimentado o projeto de um atelier no
Brasil para onde todos estávamos em vias de emigrar. Visitando
Cunha, nos pareceu o lugar certo não só pelas razões
já apontadas, mas pelo clima ameno e beleza da paisagem,
conta Alberto que após se formar em arquitetura em Portugal
ganhou uma bolsa do governo japonês para estudar a habitação
no país, mas acabou se encantando mesmo com a cerâmica.
O
Atelier do Matadouro foi um centro de produção conjunta.
Fizemos várias queimas e muitos outros artistas participaram,
vinham passar finais de semana e trocávamos experiências.
Foi um lugar para troca de idéias. Depois cada um seguiu
seu caminho, montou seu atelier, conta Mieko.
Mais
tarde chegaram Gilberto Jardineiro e Kimiko Suenaga que casaram
no Japão, mas decidiram se estabelecer em Cunha para praticar
sua arte. Gilberto descobriu o fascínio da cerâmica
no Japão onde morou por cinco anos. Kimiko, que manteve
atelier de cerâmica com forno a gás em Tóquio
até 1984, queria trabalhar com a cerâmica de alta
temperatura.
Já
havia trabalhado com a técnica em ateliês de outras
pessoas no Japão. O resultado é completamente diferente
do forno à gás, as peças são únicas,
tem identidade própria, compara Kimiko.
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