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Arquivo Edição 213 - 2 a 8 de julho de 2003 - Especial - Portal NippoBrasil

Noborigama

O forno para a refinada técnica de queima da cerâmica, que está quase em extinção no Japão, encontrou seu espaço em Cunha, no Estado de São Paulo

A milenar arte da cerâmica em altas temperaturas utilizada pelos japoneses, até hoje mantém as mesmas caracteríscas: é queimada no forno noborigama. Ele é de alvenaria, possui câmaras interligadas em desnível e para atingir a temperatura ideal, acima de 1.300°C, precisa ser alimentado por pelo menos 34 horas ininterruptamente.

Por esse motivo, ou seja, por utilizar muita lenha, devido ao alto custo do material no Japão e também por necessitar de muito espaço para a construção, tornou-se proibitivo e está em vias de extinção. Mas, no Brasil a existência de lenha reflorestada de eucalipto, espaços amplos e a diversidade de barros possibilitou o florescimento da técnica aqui.

Ao contrário da cerâmica queimada em fornos elétricos, que fica uniforme, no noborigama as obras ficam entregues ao capricho do fogo, que interage com o barro, criando nuances, beleza e originalidade.



Kimiko Suenaga imprime à peça traços suaves. A artista que já havia trabalhado com forno a gás no Japão, decidiu mudarse para o Brasil onde poderia ter um noborigama. Ela e o marido Gilberto Jardineiro fazem a abertura do fornada, que é um verdadeiro ritual e dura um dia inteiro, com exposição das cerâmicas desde 88.

IMIGRAÇÃO DOS CERAMISTAS

E, foi em Cunha, na serra da Bocaina, que se instalaram os primeiros artistas que trouxeram a milenar arte japonesa para estas terras. A imigração se deu em dois momentos. Em 1975 quando as dupla japonesa Mieko e Toshiyuki Ukeseki e os portugueses Maria Estrela e Alberto Cidraes, que já haviam trabalhado juntos no Japão, montaram um centro comunitário de produção, o Atelier do Antigo Matadouro.

“Ainda no Japão, haviamos alimentado o projeto de um atelier no Brasil para onde todos estávamos em vias de emigrar. Visitando Cunha, nos pareceu o lugar certo não só pelas razões já apontadas, mas pelo clima ameno e beleza da paisagem”, conta Alberto que após se formar em arquitetura em Portugal ganhou uma bolsa do governo japonês para estudar a habitação no país, mas acabou se encantando mesmo com a cerâmica.

“O Atelier do Matadouro foi um centro de produção conjunta. Fizemos várias queimas e muitos outros artistas participaram, vinham passar finais de semana e trocávamos experiências. Foi um lugar para troca de idéias. Depois cada um seguiu seu caminho, montou seu atelier”, conta Mieko.

Mais tarde chegaram Gilberto Jardineiro e Kimiko Suenaga que casaram no Japão, mas decidiram se estabelecer em Cunha para praticar sua arte. Gilberto descobriu o fascínio da cerâmica no Japão onde morou por cinco anos. Kimiko, que manteve atelier de cerâmica com forno a gás em Tóquio até 1984, queria trabalhar com a cerâmica de alta temperatura.

“Já havia trabalhado com a técnica em ateliês de outras pessoas no Japão. O resultado é completamente diferente do forno à gás, as peças são únicas, tem identidade própria”, compara Kimiko.


Escultura do arquiteto português Alberto Cidraes, que se apaixonou pela cerâmica quando foi estudar no Japão

A QUEIMA

A queima das peças é um verdadeiro ritual. Para encher os fornos, os artistas demoram até quatro meses para preparar as peças (mais ou menos mil e duzentas, dependendo do tamanho) e a queima em si demora cerca de 34 horas. Nesse período o forno tem que ser alimentado com lenha o tempo todo.

A abertura das câmaras do noborigama dura um dia inteiro e é acompanhada por visitantes durante um coquetel.

Enquanto vasos, esculturas e utilitários de cozinha vão sendo retirados o público já vai escolhendo as peças que desejam comprar: “É preciso abrir os fornos com as pessoas, bebida e comida, senão não sai bonito”, confidencia Gilberto.

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