Portal NippoBrasil - OnLine - 19 anos
Domingo, 24 de novembro de 2024 - 12h05
Arquivo Edição 264 - 26 maio a 1 de junho de 2004 - Especial - Portal NippoBrasil
 

Imigrantes japoneses

Alguns dos pioneiros são lembrados até hoje com homenagens em ruas da cidade de São Paulo

Arquivo Jornal Nippo-Brasil

Desde que chegaram ao Brasil, em 1908, a bordo do navio Kasato Maru, muitos imigrantes japoneses passaram a fazer muito pelo desenvolvimento do País. As primeiras levas foram contratadas para trabalhar em lavouras de café. Com o passar do tempo, conquistaram seu próprio espaço e tornaram-se agricultores. Outros, no entanto, destacaram-se em outras áreas.

Mas uma coisa é certa: muitos tiveram um papel importante dentro da sociedade brasileira. Basta sairmos às ruas de São Paulo para vermos o número de ruas, avenidas, praças e viadutos que levam nomes de imigrantes japoneses, homenageados por desenvolverem trabalhos em prol da comunidade.

Nesta edição, o Nippo-Brasil resgata a história de algumas dessas pessoas e revela porque elas foram homenageadas nesta cidade que as acolheu.

Rua Comendador Kiyoshi Yamamoto - Butantã


DUAS GERAÇÕES - Carlos Tan Yamamoto em rua com o nome de seu pai, Kiyoshi Yamamoto (detalhe)

Kiyoshi Yamamoto nasceu em Tóquio, Japão, no ano de 1892. Durante toda a sua vida, dedicou-se aos estudos da agronomia. Formou-se agrônomo pela Universidade Imperial de Tóquio. Por ser um dos melhores alunos de sua turma, foi contratado pelo Barão Iwazaki, fundador da Mitsubishi, para trabalhar na Fazenda Koiwai onde, durante um ano, se dedicou à criação de cavalos e gado leiteiro. Depois, foi enviado para a China, permanecendo durante sete anos em outra propriedade da empresa, desta vez, atuando na cultura de algodão.

Em 1927, chegou ao Brasil com sua família para fundar uma fazenda-modelo, além de dirigir outras atividades da Mitsubishi. Durante dez anos, trabalhou na Fazenda Ponte Alta, rebatizada de Monte D’Este, implantando uma agricultura moderna.

Em 1940, a Mitsubishi indicou-o para presidente da organização no Brasil. “Meu pai era muito idealista, empreendedor e muito inteligente também. Era uma pessoa fora dos padrões da época, sem preconceito, e que gostava muito de modernidade”, lembra Carlos Tan Yamamoto, 80, um dos quadro filhos de Kiyoshi.

Mas as conquistas do patriarca Yamamoto não acabam por aí. Kiyoshi ainda foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Cultura Brasileira, o Bunkyo, que, na época, levou o nome de Sociedade Paulista de Cultura Japonesa.

A paixão pela comunidade japonesa e pelo Brasil era tanta que, em 1959, naturalizou-se brasileiro, sendo batizado com o nome de Augusto Kiyoshi Yamamoto.

Seus trabalhos tiveram tanta representatividade para a comunidade nikkei e para o País que acabaram recebendo inúmeros prêmios e títulos, como o grau oficial da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, e da Ordem do Tesouro Sagrado, conferidas pelo governo japonês.

Em 48, lançou seu primeiro livro de agropecuária, intitulado Assim falou a vespa de Uganda, um guia sobre o combate biológico à broca do café. Faleceu em 31de julho de 1963, vítima de câncer.

Após a sua morte, no final da década de 70, Kiyoshi foi homenageado pelo então vereador Américo Sugai com o nome de uma rua, localizada no Bairro do Butantã, graças às suas obras em prol da sociedade. “Foi uma grande honra”, comenta Carlos. Além do nome da rua, o Bunkyo também o homenageia com o prêmio Kiyoshi Yamamoto, concedido anualmente para os melhores agricultores e pecuaristas do ano.

Praça Guenitiro Nacazawa – Vila Maria


HERANÇA - Luiza Aquico Nacazawa, cujo pai (detalhe) fundou o Museu da Imigração Japonesa

Guenitiro Nacazawa foi outro grande nome de destaque dentro da comunidade nikkei. Nascido em 23 de maio de 1907, formou-se em Pedagogia e Filosofia pela Universidade de Tóquio, em 1930. Três anos depois, chegou a São Paulo, indo morar na Vila Juqueri. Logo depois, mudou-se para Mairiporã, onde passou a cultivar batata, tomate e trabalhar na criação de aves.

Em 1950, em Atibaia, desenvolveu uma série de experiências pioneiras no campo do reflorestamento, além de na recuperação agrícola da Amazônia. Nacazawa ainda foi fundador da Cooperativa Central Agrícola Sul-Brasil. “Ele era muito religioso. Gostava que tudo tivesse justiça e respeito aos outros”, lembra sua única filha, Luiza Aquico Nacazawa, 69.

Segundo ela, o pai ainda gostava de realizar atividades beneficentes. Não foi à toa que, em 1960, ele fundou a Beneficência Nipo-Brasileira (ex-Associação de Assistência aos Imigrantes Japoneses), onde foi diretor entre os anos de 61 a 75.

Além disso, foi fundador do Museu de Imigração Japonesa, no prédio do Bunkyo, e foi lá, também, que atuou como diretor durante muitos anos. “O Museu foi o trabalho mais importante do meu pai e que lhe deu mais trabalho. Muitas vezes, ele viajou para o Japão para buscar técnicos para acompanhar todo o trabalho de construção do Museu”, conta.

Guenitiro também foi homenageado com diversos títulos, como a comenda do Cruzeiro do Sul, os títulos de Cidadão Mairiporense, em 64, e o de Cidadão Paulistano, em 74, Comenda de Mérito Cultural em 76, a moção de Aplauso e Reconhecimento, em 69, e uma condecoração concedida pelo governo japonês, uma das principais que já recebeu em vida.

Em 85, um ano depois de seu falecimento, uma praça localizada na Vila Maria, na zona norte de São Paulo, recebeu o nome de Guenitiro, uma iniciativa do vereador Hatiro Shimomoto. “Gostei muito da homenagem, pois é uma coisa que vai ficar para sempre”, diz Luiza.

Travessa Deputado Shiro Kyono – Jardim Paulista


PASSADO - Shiro Kyono (dir.) sempre trabalhou em prol da comunidade

Shiro Kyono chegou ao País no ano de 1925, aos 3 anos de idade. Morou junto com a família numa fazenda de café na cidade de Cravinhos, interior paulista. Logo, mudou-se para a cidade de Guaimbê, na Fazenda Suiça. Posteriormente, morou na cidade de Bastos, também no interior do Estado de São Paulo, pela qual possuia grande adoração. Formou-se pela escola técnica de química industrial Bandeirantes, em 1949. Durante os anos de 1950 e 1959, foi procurador-geral da Cooperativa Agrícola “Granja Bastos”.

Foi a partir da década de 60 que passou a se dedicar à vida política. Foi vereador da Câmara Municipal de São Paulo pelo PDS, entre os anos de 1960 e 1963; deputado estadual da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo pelo PRP, nos anos de 1963 a 1975, e deputado estadual da Arena.

Seus trabalhos em prol da comunidade lhe renderam diversos títulos: Medalha do Mérito Rural (1957), Medalha José Hypólito da Costa (1960) e Medalha Marechal Rondon (1963).

Realizou inúmeras campanhas assistenciais e filantrópicas em prol da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de São Paulo, da Assistência Social Dom José Gaspar, do Hospital do Câncer, entre outros. “Ele era um líder na colônia, um cidadão autêntico, homem simples e muito trabalhador”, lembra o coronel do Exército, Yoshio Kiyono, sobrinho de Shiro. “Ele se dedicava muito à comunidade nikkei e, em sua vida política, dedicou-se bastante à agricultura e à educação, tanto que queria que todo mundo estudasse”, complementa.

A paixão pela agricultura fez com que fundasse várias cooperativas agrícolas em São Paulo e na Bahia. Fez várias conferências no Japão sobre o tema entre os anos de 1960 e 1977. Shiro Kyono faleceu no dia 30 de abril de 1984.


Veja algumas outras ruas e praças de São Paulo
que levaram nomes de imigrantes japoneses

Avenida Yokino Ogawa
• Onde fica: Freguesia do Ó
• Onde nasceu: Nigata, em 1914.
• Quem foi: Diplomata japonesa e médica pediatra.

Praça Hachiro Miyazaki
• Onde fica: Jabaquara
• Onde nasceu: Saga-Ken, em 1894
• Quem foi: Um dos primeiros imigrantes japoneses a se estabelecer no Brasil, em 1913. Atuou na Companhia de Terras, Madeiras e Colonização de São Paulo-Birigüi.

Praça Kenichi Nakagawa
• Onde fica: Vila Mariana
• Onde nasceu: Hyogo-Ken, em 1903.
• Quem foi: Um dos fundadores da Cooperativa Agrícola de Cotia.

Praça Masaharu Taniguchi
• Onde fica: Saúde
• Onde nasceu: Kobe, em 1893
• Quem foi: Fundador da filosofia Seicho-No-Iê

Praça Soichiro Honda
• Onde fica: Vila Mariana
• Onde nasceu: Tóquio, 1906
• Quem foi: Fundador da Honda Motor Company

Praça Tamotsu Yamamura
• Onde fica: Tucuruvi
• Onde nasceu: Oita, em 1907
• Quem foi: Professor primário, orientador de jovens, vice-presidente da Associação dos Co-Provincianos de Oita do Brasil, vice-presidente da Associação Amigos de Piratininga.

Rua Dr. Chibata Miyakoshi
• Onde fica: Santo Amaro
• Onde nasceu: Chiba, em 1892.
• Quem foi: Fundador da Comissão Católica Japonesa de São Paulo que, em 1953, foi legalmente registrada como Assistência Social Dom José Gaspar e construiu o Jardim Repouso São Francisco, em 1958.

Rua Masatoshi Tominaga
• Onde fica: Penha
• Onde nasceu: Kumamoto-Ken, em 1912
• Quem foi: Secretário-geral da Associação Nipo-Brasileira de São Miguel e desenvolveu diversas atividades filantrópicas.

Rua Professor Koichi Kishimoto
• Onde fica: Cursino
• Onde nasceu: Nigata, em 1899
• Quem foi: Agricultor, professor de língua japonesa, fundador da Escola Liceu-Aurora.

Rua Renato Katsuya Sato
• Onde fica: São Miguel
• Onde nasceu: Hokkaido, em 1916
• Quem foi: Fundador da Associação Progresso Parque Cruzeiro do Sul e colaborou para o levantamento da Igreja São Benedito.

Rua Rishin Matsuda
• Onde fica: Jabaquara
• Onde nasceu: Okinawa, em 1910
• Quem foi: Presidente da Cooperativa Agrícola Lito-Sul, uma das pioneiras da CEAGESP, diretor da Associação Okinawa do Brasil e conselheiro do Banco América do Sul.

Rua Tatsuo Okashi
• Onde fica: Pirituba
• Onde nasceu: Tóquio, em 1892
• Quem foi: Membro da diretoria executiva para a instalação do Hopital Santa Cruz, em 1936, e presidente da Associação Paulista de Amparo às Crianças Retardadas.

Rua Tsutomi Suzuki
• Onde fica: Vila Sônia
• Onde nasceu: Ehime, em 1903
• Quem foi: Jornalista em diversos jornais da comunidade

Viaduto Shuhei Uetsuka
• Onde fica:
• Onde nasceu: Kumamoto-Ken, em 1875.
• Quem foi: Intermediário entre fazendeiros, colonos e imigrantes japoneses, em 1908.

 Busca
 Especial
Especial - Nippo-Brasil - 02/03/2019
• A partir de 1º de maio de 2019 começa a era REIWA no Japão
Especial - Nippo-Brasil - 14/05/2018
• Escola OEN, fiel à filosofia japonesa desde a sua origem
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 311
• Gairaigo: as palavras estrangeiras na língua japonesa
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 304
• Provérbios do Japão:
sabedoria através dos tempos
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 302
• Hanami, uma bela tradição japonesa
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 301
• Simbologia japonesa: os animais
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 300
• Simbologia japonesa:
as flores e as árvores
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 281
• Você sabe o que significa seu sobrenome?
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 279
• Oriente-se para fazer ginástica!
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 271
• Bonsai, a natureza em miniatura
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 267
• Cassio Taniguchi: “ser nikkei dá uma credibilidade social muito grande na política”
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 265
• Imigrantes japoneses imigração
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 264
• Ikebana, preciosa herança da imigração
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 263
• A derrubada de um paradigma
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 262
• Estilistas nikkeis invadem a moda brasileira
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 260
• Domingos Tsuji – Cigarro e álcool são os vilões do câncer de laringe
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 259
• Mulheres conquistam as artes marciais
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 258
• Onde estão nossos museus da imigração?
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 257
• Kasumi Yamashita: “é importante recordar as histórias dos imigrantes”
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 256
• Mudança especial após os 40 anos
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 255
• A invasão nikkei nas artes
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 254
• O sedentarismo é o inimigo número 1 da saúde pública
Especial - Nippo-Brasil - Arquivo Edição 253
• Desvendando os
seres da mitologia japonesa
Especial - Nippo-Brasil 252
• Depressão: é possível reverter o quadro
Especial - Nippo-Brasil 251
• Marcos Hiroshi Kawahara: O ilustrador das ‘bandejas’ do Mc Donald´s
Especial - Nippo-Brasil 247
• Helena Deyama
Especial - Nippo-Brasil 243
• Sonhar é preciso. Não importa qual seja o sonho...
Especial - Nippo-Brasil 242
• Izumi Yamagata: Uma vida dedicada aos deficientes
Especial - Nippo-Brasil 240
• Samurais modernos
Especial - Nippo-Brasil 236
• Bruxas modernas
Especial - Nippo-Brasil 234
• Orquídeas: Paixão dos japoneses
Especial - Nippo-Brasil 233
• Tomie Ohtake
Especial - Nippo-Brasil 230
• Naomi Munakata: Uma regente em “estado de alfa”
Especial - Nippo-Brasil 229
• Relíquias com histórias pra contar
Especial - Nippo-Brasil 227
• Brinquedos tradicionais japoneses
Especial - Nippo-Brasil 226
• Hashi: o talher oriental
Especial - Nippo-Brasil 225
• Michie Akama
Especial - Nippo-Brasil 223
• Butô
Especial - Nippo-Brasil 222
• As formas e cores de Ruy Ohtake
Especial - Nippo-Brasil 215
• Kataná: a preciosa lâmina samurai
Especial - Nippo-Brasil 213
• Noborigama
Especial - Nippo-Brasil 212
• Terapias Alternativas
Especial - Nippo-Brasil 211
• Sakura
Especial - Nippo-Brasil 208
• Viagem pela fé
Especial - Nippo-Brasil 199
• Longe da poluição e do estresse da cidade grande
Especial - Nippo-Brasil 198
• Idades marcantes da cultura japonesa
Especial - Nippo-Brasil 194
• Por dentro das datas comemorativas no Japão
Especial - Nippo-Brasil 192
• Compradores compulsivos
Especial - Nippo-Brasil 187
• Rituais de Ano Novo Japonês
Especial - Nippo-Brasil 186
• Bonenkai - Fechar o ano com chave de ouro
Especial - Nippo-Brasil 180
• Danças Japonesas
Especial - Nippo-Brasil 177
• Viciados em Jogos
Especial - Nippo-Brasil 171
• Jardim Japonês: Um cantinho para meditar
Especial - Nippo-Brasil 170
• Alimentos: eles curam?
Especial - Nippo-Brasil 169
• Wadaiko: o estilo japonês de tocar taiko
Especial - Nippo-Brasil 168
• Saque: A bebida milenar japonesa
Especial - Nippo-Brasil 167
• Que bicho é seu pai no Horóscopo Oriental?
Especial - Nippo-Brasil 163
• Watsu uma terapia de lavar a alma
Especial - Nippo-Brasil 161
• Kumon, o método japonês de ensino individualizado: lições para a vida toda
Especial - Nippo-Brasil 155
• Banho de Ofurô: cores e sabores de um ritual milenar
Especial - Nippo-Brasil 154
• Agrade à sua mãe
Especial - Nippo-Brasil 150
• Jogos Japoneses: Shogui e Gô
Especial - Nippo-Brasil
• + 10 Provérbios Japoneses
Especial - Nippo-Brasil
• Kaburimono (literalmente, aquilo que se põe na cabeça)
Especial - Nippo-Brasil
• Conheça alguns amuletos e preces orientais
Especial - Nippo-Brasil
• Shichifukujin, as sete divindades
Especial - Nippo-Brasil
• Daruma: sinônimo de sucesso
Especial - Nippo-Brasil
• A história da Hello Kitty
Especial - Nippo-Brasil
• A história e a tradição do Maneki Nekô no Japão


A empresa responsável pela publicação da mídia eletrônica www.nippo.com.br não é detentora de nenhuma agência de turismo e/ou de contratação de decasségui, escolas de línguas/informática, fábricas ou produtos diversos com nomes similares e/ou de outros segmentos.

O conteúdo dos anúncios é de responsabilidade exclusiva do anunciante. Antes de fechar qualquer negócio ou compra, verifique antes a sua idoneidade. Veja algumas dicas aqui.

© Copyright 1992 - 2022 - NippoBrasil - Todos os direitos reservados