Tristeza,
angústia e pessimismo são sentimentos comuns a qualquer
ser humano. Mas quando passam dos limites geram doenças.
Uma delas é a depressão, muito freqüente na
população adulta, atingindo de 5% a 15% das pessoas.
O psiquiatra Edson Shiguemi Hirata, diretor clínico do
Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, explica
que diferente de uma tristeza, na depressão as sensações
desagradáveis persistem por mais de duas semanas e são
intensas a ponto de prejudicar o relacionamento familiar, interpessoal,
social ou o desempenho no trabalho.
CUIDADOS - Edson Hirata: muitos acham que a depressão
é uma fase da vida
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Segundo
Hirata, infelizmente, ainda hoje muitas pessoas com depressão
acham que é uma fase da vida, decorrente de vários
problemas. Ele afirma que 90% dos pacientes em tratamento com
medicamentos voltam à sua vida normal. É importante
associar a medicação com a psicoterapia cognitiva
comportamental, que ajuda a modificar os pensamentos e lidar com
os problemas. Atividades físicas, de lazer e relaxamento,
são outras aliadas para a recuperação.
Vítimas
da depressão, a aposentada Hiroko Yokoiama após
perder as esperanças, driblou a doença com a ajuda
da acupuntura. Já a nikkei M. preferiu não
se identificar , teve dificuldades em se adaptar aos remédios
e encontrou uma forma de cura com as reuniões do Neuróticos
Anônimos.
Na
visão do psiquiatra José Moromizato, a acupuntura
é válida quando a pessoa acredita que possui um
sistema energético, pois age nesse sistema para depois
equilibrar os órgãos do corpo. Ele também
recomenda os grupos de auto-ajuda, pois doentes e família
compartilham suas dúvidas e dores. Em ambos os casos
os tratamentos são auxiliares e não devem substituir
a orientação médica, avisa.
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Força
Feminina
VITÓRIA - Hiroko ficou um mês internada em
uma clínica
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A
depressão pós-parto apareceu quase 40 dias depois
do nascimento de minha filha, aos oito meses. Era minha segunda
gravidez e o médico dizia que seria difícil salvar
o bebê. Fiquei apavorada e chocada. Ela nasceu prematura,
mas com saúde. A preocupação tomava conta
de mim noite e dia. Tinha 27 anos e um filho de dois anos. Não
conseguia dormir, comer ou sair de casa. Dava tristeza e só
chorava. Com um marido desligado, acabava cuidando praticamente
de tudo e a maior parte do tempo sozinha. Não tinha amigos.
As visitas eram de minha mãe e irmãs. Chegou um
época em que não conseguia cuidar direito dos meus
filhos. Fiquei um mês internada, porém não
me adaptei ao tratamento. Fui para outra clínica. Achei
melhor, mas tinha uma insônia muito forte. Naquele momento
só pensava se ia ficar louca ou morrer. Até que
minha mãe leu em um antigo livro japonês sobre a
ajuda da acupuntura. Era a última tentativa. Em dois meses
me curei. Fiquei mais alegre, comecei a comer melhor, senti meu
rosto diferente. Enfim, consegui dormir e sonhar. Dez anos atrás,
meus filhos foram para o Japão. Bateu a solidão
e a depressão voltou. Logo corri para a acupuntura. Foram
quatro anos de tratamento. Hoje faço dança de salão,
rádio taissô, caminho cinco quilômetros. Saio
bastante, gosto de me vestir na moda, passear e viajar.
Hiroko
Yokoiama, aposentada
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Terapia
em grupo
APOIO - M.: terapia em grupo está ajudando
Quase
todo mundo que não aceita a perda e frustração
entra em depressão. A minha deu-se por insatisfação,
há uns 15 anos. Marido, festas, carros, nada me satisfazia.
A primeira sensação que surgiu foi a raiva. Tinha
um pavio curto. Nada estava bom e a depressão
se manifestava em forma de dor de estômago. Após
cinco endoscopias sem resultado, fui para um psiquiatra. Ele receitou
remédios, mas tomava uma semana e não agüentava
por causa do estômago. Na época, minha única
filha apoiava meu marido, pois achava que o problema era o ciúmes.
Separada, hoje ela me apóia. Quando fiquei fraca mesmo,
perdi as energias, uma colega me indicou o Neuróticos Anônimos
(N/A) há três anos. Não troco o N/A por anda.
Muitas vezes, viajava com amigos e voltava pior. Por isso troquei
as viagens e badalações pelas festas do N/A. A terapia
em grupo é o meu melhor tratamento.
M.,
aposentada
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Fique
atento para alguns dos sintomas que sugerem a depressão
Tristeza e/ou irritabilidade;
Diminuição de prazer ou interesse nas suas atividades;
Desânimo, cansaço e perda de energia;
Insegurança, indecisão, preocupação
excessiva e pessimismo;
Sentimento de incapacidade, inutilidade, culpa e auto reprovação;
Insônia;
Perda do apetite;
Dificuldades de concentração e problemas na memória;
Ansiedade, inquietação;
Sensação de falta de esperança e pensamento
de morte.
Se
observados em uma freqüência mínima de duas
semanas, os sintomas indicam um quadro depressivo e a pessoa deve
procurar o mais rápido possível um profissional
da área de saúde.
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