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Arquivo Edição 252 - 7 a 13 de abril de 2004 - Especial - Portal NippoBrasil

Depressão: é possível reverter o quadro

Nikkeis buscam novas saídas para tratar a doença e com a ajuda de especialistas muitos deles conseguiram superar o problema. De acordo com o psiquiatra Edson Hirata, 90% dos pacientes em tratamento voltam à vida normal


SENSAÇÃO - Desânimo, cansaço, tristeza e irritabilidade são sintomas da depressão

Arquivo NippoBrasil - Fotos: Divulgação

Tristeza, angústia e pessimismo são sentimentos comuns a qualquer ser humano. Mas quando passam dos limites geram doenças. Uma delas é a depressão, muito freqüente na população adulta, atingindo de 5% a 15% das pessoas. O psiquiatra Edson Shiguemi Hirata, diretor clínico do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, explica que diferente de uma tristeza, na depressão as sensações desagradáveis persistem por mais de duas semanas e são intensas a ponto de prejudicar o relacionamento familiar, interpessoal, social ou o desempenho no trabalho.


CUIDADOS - Edson Hirata: “muitos acham que a depressão é uma fase da vida”

Segundo Hirata, infelizmente, ainda hoje muitas pessoas com depressão acham que é uma fase da vida, decorrente de vários problemas. Ele afirma que 90% dos pacientes em tratamento com medicamentos voltam à sua vida normal. “É importante associar a medicação com a psicoterapia cognitiva comportamental, que ajuda a modificar os pensamentos e lidar com os problemas”. Atividades físicas, de lazer e relaxamento, são outras aliadas para a recuperação.

Vítimas da depressão, a aposentada Hiroko Yokoiama após perder as esperanças, driblou a doença com a ajuda da acupuntura. Já a nikkei M. – preferiu não se identificar –, teve dificuldades em se adaptar aos remédios e encontrou uma forma de cura com as reuniões do Neuróticos Anônimos.

Na visão do psiquiatra José Moromizato, a acupuntura é válida quando a pessoa acredita que possui um sistema energético, pois age nesse sistema para depois equilibrar os órgãos do corpo. Ele também recomenda os grupos de auto-ajuda, pois doentes e família compartilham suas dúvidas e dores. “Em ambos os casos os tratamentos são auxiliares e não devem substituir a orientação médica”, avisa.


Força Feminina


VITÓRIA - Hiroko ficou um mês internada em uma clínica

“A depressão pós-parto apareceu quase 40 dias depois do nascimento de minha filha, aos oito meses. Era minha segunda gravidez e o médico dizia que seria difícil salvar o bebê. Fiquei apavorada e chocada. Ela nasceu prematura, mas com saúde. A preocupação tomava conta de mim noite e dia. Tinha 27 anos e um filho de dois anos. Não conseguia dormir, comer ou sair de casa. Dava tristeza e só chorava. Com um marido desligado, acabava cuidando praticamente de tudo e a maior parte do tempo sozinha. Não tinha amigos. As visitas eram de minha mãe e irmãs. Chegou um época em que não conseguia cuidar direito dos meus filhos. Fiquei um mês internada, porém não me adaptei ao tratamento. Fui para outra clínica. Achei melhor, mas tinha uma insônia muito forte. Naquele momento só pensava se ia ficar louca ou morrer. Até que minha mãe leu em um antigo livro japonês sobre a ajuda da acupuntura. Era a última tentativa. Em dois meses me curei. Fiquei mais alegre, comecei a comer melhor, senti meu rosto diferente. Enfim, consegui dormir e sonhar. Dez anos atrás, meus filhos foram para o Japão. Bateu a solidão e a depressão voltou. Logo corri para a acupuntura. Foram quatro anos de tratamento. Hoje faço dança de salão, rádio taissô, caminho cinco quilômetros. Saio bastante, gosto de me vestir na moda, passear e viajar.”

Hiroko Yokoiama, aposentada

Terapia em grupo


APOIO - M.: terapia em grupo está ajudando

“Quase todo mundo que não aceita a perda e frustração entra em depressão. A minha deu-se por insatisfação, há uns 15 anos. Marido, festas, carros, nada me satisfazia. A primeira sensação que surgiu foi a raiva. Tinha um ‘pavio curto’. Nada estava bom e a depressão se manifestava em forma de dor de estômago. Após cinco endoscopias sem resultado, fui para um psiquiatra. Ele receitou remédios, mas tomava uma semana e não agüentava por causa do estômago. Na época, minha única filha apoiava meu marido, pois achava que o problema era o ciúmes. Separada, hoje ela me apóia. Quando fiquei fraca mesmo, perdi as energias, uma colega me indicou o Neuróticos Anônimos (N/A) há três anos. Não troco o N/A por anda. Muitas vezes, viajava com amigos e voltava pior. Por isso troquei as viagens e badalações pelas festas do N/A. A terapia em grupo é o meu melhor tratamento”.

M., aposentada

 

Fique atento para alguns dos sintomas que sugerem a depressão

• Tristeza e/ou irritabilidade;

• Diminuição de prazer ou interesse nas suas atividades;

• Desânimo, cansaço e perda de energia;

• Insegurança, indecisão, preocupação excessiva e pessimismo;

• Sentimento de incapacidade, inutilidade, culpa e auto reprovação;

• Insônia;

• Perda do apetite;

• Dificuldades de concentração e problemas na memória;

• Ansiedade, inquietação;

• Sensação de falta de esperança e pensamento de morte.

Se observados em uma freqüência mínima de duas semanas, os sintomas indicam um quadro depressivo e a pessoa deve procurar o mais rápido possível um profissional da área de saúde.

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