(Arquivo
Jornal NippoBrasil)
A
temperatura da água é agradável e chega aos
35ºC. O profundo relaxamento, aconchego e paz proporcionados
pelo watsu terapia inspirada no zen-shiatsu que associa
massagens e alongamentos do shiatsu aplicados na água
faz com que a pessoa que tem o privilégio de recebê-lo
queira viver eternamente embalado por essas sensações.
Após
uma breve conversa com a terapeuta, no qual se responde perguntas
referentes ao estado emocional (se está triste o toque
será mais leve e de aconchego; se está agitado,
o watsu será mais rápido para extravasar) e problemas
de saúde (se tem desvio de coluna, pressão alta,
baixa, doença cardíaca), você é conduzido
a uma das paredes da piscina onde, com os joelhos flexionados
para que a água morna recubra os ombros e com os olhos
fechados, dá-se início ao relaxamento.
Uma
música suave se ouve ao fundo. Após a colocação
de flutuadores nos tornozelos, que facilitarão o manejo
dos mais cheinhos e de massa muscular sobressaliente,
lentamente seu corpo é levado à posição
horizontal. A água recobre os ouvidos e parece que o mundo
à sua volta já não existe mais. É
só você, seus pensamentos e o som do inspirar e expirar
da respiração.
Iniciados
os movimentos de alongamento na água, outra sensação
que se tem é de segurança. No zen-shiatsu
existe uma mão que acalma e dá segurança,
enquanto a outra trabalha. No watsu também sempre tem um
contato, se minha mão não está trabalhando,
existe um braço inteiro ou meu tronco inteiro encostado,
para a pessoa nunca se sentir sozinha, explica a terapeuta
e educadora física Priscila Takara.
Há
ainda quem atribua ao watsu o mesmo efeito de estar no ventre
materno. Não é para menos. Além da temperatura
da água ser equivalente à corpórea, certos
movimentos em que a terapeuta nos embala como se fôssemos
um bebê de colo lembram muito o aconchego de uma mãe.
Estava
ansiosa porque nunca tinha feito. Cheguei com dor cervical e no
braço. Agora estou bem. Você relaxa profundamente,
dá para chegar num outro espaço. Eu me desliguei,
deu uma impressão de estar voando, voando... Yatiyo
Osugui
Durante
a sessão, nada é dito. O fato de ser um momento
particular, de contato com o próprio interior, pode trazer
à tona lembranças reprimidas e muitas vezes choros
involuntários. Nesses casos, a terapeuta sempre mantém-se
atenta e conduz a sessão conforme a necessidade emocional
do paciente, que pode pender para o colo ou um carinho mais intenso.
Existe
um alongamento passivo, provocado pela viscosidade da água
que vai fazendo movimentos no corpo. Mas o watsu é mais
que um exercício, o grande chavão é a possibilidade
de ter uma intervenção psicológica sem verbalizar.
Quem faz não sai do mesmo jeito que entrou. Se puder participar
desse processo de mudança, para mim já é
uma grande satisfação, diz Takara.
A sessão
é finalizada quando a terapeuta retorna o paciente novamente
à posição vertical e o encosta na parede.
As mãos estendidas do paciente se despedem e se separam
das do profissional. A alma sai lavada.
Parece
que você está no fundo do mar - você escuta
bastante o barulho da água. A primeira vez que fiz senti
uma grande leveza e paz. Tenho um pouco de medo da água,
mas a terapeuta passa confiança. Desta vez senti mais sono,
acho que por causa da gravidez. A gente escuta a respiração
mais forte e o gostoso é o alongamento, a gente relaxa
e fica toda mole
Gabriela Yoshizato Ultramari,
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