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Arquivo Edição 256 - 28 de abril a 4 de maio de 2004 - Especial - Portal NippoBrasil
 

Mudança especial após os 40 anos

Mulheres que engravidam após essa idade contam um pouco de suas experiências como mães de primeira, segunda ou terceira viagem...Na foto, Yvone Iso abraça o pequeno Stephanos, que nasceu no dia 26 de abril em São Paulo.

Arquivo Jornal Nippo-Brasil

No dia 9 de maio comemora-se o Dia das Mães, essas mulheres guerreiras que, muitas vezes, trabalham, cuidam da casa e dos filhos, gerados cada vez mais com a idade avançada. Engravidar após os 40 anos é cada vez mais freqüente, seja porque procuraram obter maior amadurecimento na carreira, no casamento ou estabilidade financeira, entre outros motivos. Com a redução das chances da gravidez natural, devido a baixa qualidade dos óvulos, algumas procuram tratamento. Outras continuam bem férteis, e num descuido, engravidam.

Esse é o caso da terapeuta corporal Rosemary Inouye que concebeu Gustavo, aos 41 anos. Pensou que os sintomas da gravidez eram o início da menopausa. A descoberta deixou o marido, Luiz, “grávido” com ela de tanta alegria. Hoje, aos 51, Rose - como é conhecida entre os amigos - conta o apoio dos outros dois filhos: Ricardo, de 29 e Fernanda, 26.

No caso da analista de sistemas, Yvone Yoko Iso, 42, o companheiro Ioannis não tinha pressa de ter um filho, e por isso, acabou adiando a idéia de ser pai. Após quase dez anos juntos, ela deixou claro que a mulher não tem vida reprodutiva para sempre. No final de 2002, o casal decidiu aumentar a família. Yvone relembra que o ginecologista deu três meses para tentar engravidar. Como não aconteceu, resolveu partir para o tratamento na clínica de fertilização Profert - Reprodução Assistida, com o ginecologista Dirceu Pereira. Em um ano e meio, a segunda tentativa de fertilização in vitro ocorreu com sucesso.

Gravidez especial


FELICIDADE - Rose e o filho Gustavo: “levei um susto, mas foi maravilhoso”, diz a mãe

Após fazer um exame para confirmar a menopausa, a terapeuta corporal Rosemary Inouye, 51, descobriu que estava grávida. “Levei o maior susto, mas foi maravilhoso. Meu marido desejava muito ganhar mais um filho”, conta. Rose precisou fazer “mil exames” porque o médico a alertou que nessa idade o bebê poderia nascer com algum problema.

Sortuda, ela diz não ter sentido nenhum sintoma de gravidez. Diferente das duas gestações anteriores, ocorridas há quase 20 anos, ficou bem alegre, com ânimo, livre das dores e com um humor melhor. Com isso, trabalhou sossegada até o nono mês.

Durante a gravidez, Rose estabeleceu uma sintonia forte com o bebê e que dura até hoje. “A chegada de Gustavo, hoje com 10 anos, proporcionou uma vida mais sociável e uniu a família. Ele espiritualizou a vida da gente. Onde vai, harmoniza o ambiente”, diz orgulhosa. Ela revela que ficou preocupada em não poder acompanhá-lo, mas se enganou, pois toda a família a ajuda. E brinca que, se pudesse, teria dez filhos.

Algumas pessoas já a confundiram como avó do garoto. Ela não liga e afirma que muitas vezes é vista pelo filho mais como amiga do que mãe. Por coincidência, seu trabalho atual envolve fazer relaxamento em mulheres grávidas, em uma clínica de fertilização em São Paulo.

Mudança de vida para sempre


ESTRÉIA - Yvone e o marido Ioannis com o pequeno Stephanos: ela quer mais filhos

Em sua primeira gravidez aos 42 anos, a analista de sistemas Yvone Yoko Iso, deu à luz ao bebê Stephanos Iso Theoharidif, no final da tarde do dia 26 de abril. Entrevistada três dias antes da cesariana, Yvone surpreendeu pelo alto astral e tranqüilidade antes do parto. Engordou 12 kg, segundo ela, o ideal, já que a média é de 9 a 12 kg. Mesmo com o cansaço e enjôo (“acho que a gravidez quando nova é mais light”), trabalhou até o final da gestação e comenta satisfeita que não faltou nenhuma vez na empresa.

O parceiro Ioannis, descendente de gregos, definiu os seus sentimentos ao ser pai: felicidade, responsabilidade e compromisso. “Ele ficou assustado no começo, mas agora se acostumou e está mais ansioso que eu. Não tenho medo, penso que esse bebê vai mudar a minha vida para sempre”, dizia. O lado financeiro também pesou. Se pudesse, Yvone gostaria de ter mais filhos. Não se arrepende com a gravidez tardia. Só vê a desvantagem de ter menos tempo para acompanhá-lo.

A mãe, Arminda, 73 anos, adorou a chegada do neto. “Estou muito feliz, o bebê é fortinho. Ela queria tanto, ainda bem que deu certo”, revela a mãe. Stephanos é o terceiro neto - os outros dois já estão na faculdade.

Yvone acredita que o sonho de toda mulher é ter um filho. Com base em sua própria trajetória, aconselha para quem pretende engravidar nessa idade tentar até o fim.

Saúde da mulher


DICA - Anzai diz que fertilidade cai com avanço da idade

Para o ginecologista Roberto Anzai, está cada vez mais freqüente as mulheres acima de 40 anos engravidarem. “Considerando que elas atualmente estão muito mais saudáveis que no século passado, não há grandes diferenças na saúde de uma mulher com 30 ou 40 anos de idade”, afirma. Mesmo assim, Anzai explica que a fertilidade decai com o passar do tempo, podendo dificultar ou atrapalhar os planos de quem decidiu engravidar tardiamente. Revela os números da taxa de infertilidade: aos 20, a taxa está por volta de 6% a 8%; aos 30, 10% a 15%; 35, 15% a 20% e mais de 25%, aos 40.

Com esses dados, o ginecologista afirma que as mais jovens dificilmente estão preocupadas em uma eventual dificuldade de engravidar. As incertezas, porém, surgem a partir dos 35 anos. Anzai diz que, embora alguns riscos adicionais possam estar presentes, como maior incidências de diabetes, hipertensão arterial e partos prematuros, os principais riscos para uma gravidez madura se referem muito mais ao bebê. Aumentam as incidências de abortos, principalmente no primeiro trimestre, e na gravidez que prosseguir, além da presença de doenças cromossômicas, como a Síndrome de Down.

 
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