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Desvendando os seres da mitologia japonesa
Medo e fascínio estão misturados em alguns seres mitológicos que
até hoje têm suas histórias contadas às crianças pelos mais velhos

(Texto: Kelly Tiemi Nagaoka/NB)

Todos os povos apresentam seus mitos. Oni, tengu, kappa, kitsune, tanuki, kaminari e dragão, são alguns dos seres que habitam o imaginário popular japonês. Apesar de parecerem antigos, seus contos ainda permanecem bem vivos nos dias de hoje.

Segundo Lúcia Hiratsuka, autora e ilustradora da série Contos e Lendas do Japão, os mitos falam do que é mais essencial ao ser humano e são sempre ligados aos seres divinos. Eles diferem das lendas, que retratam o ser humano comum, cuja existência não depende uma verdade histórica. Um exemplo é a história do pescador Urashima Taro. “Ele vai para o castelo do rei Dragão (ryugujo), um paraíso no fundo do mar. Depois de algum tempo, o rapaz volta à sua aldeia. Nessa narrativa, o pescador é uma lenda e o paraíso do fundo do mar veio do mito, pois surge anteriormente na mitologia japonesa, onde vivem seres sobrenaturais”, explica Lúcia.

A escritora diz que no Japão, como em todos os países, encontra-se uma vasta narrativa da tradição oral. Histórias de deuses, animais e monstros que chegaram até os dias atuais. Na mitologia japonesa, de onde se originou o Xintoísmo, os elementos da natureza possuem um kami (alma, o divino). “Não existia no Xintoísmo uma doutrina moral, como recompensas ou castigos, que foram introduzidos com a chegada do Budismo”, afirma. Referências para o povo nipônico, essas duas religiões são as bases dessas histórias.

Entre as figuras mais conhecidas do imaginário popular, ela aponta o oni. Representante do mal, desempenha a função do vilão e vem romper a ordem. Ainda cita o tengu, de cara avermelhada, nariz comprido, com asas, espécie de protetor das montanhas. Entre os animais, Lúcia destaca a figura do kitsune (raposa), conhecida pelo seu dom da transformação, assim como enganar pessoas com miragens. “Existe todo um mistério em torno desse animal. Quando alguma coisa insólita acontece, comenta-se que pode ser uma brincadeira de raposa”, diz. Compara o mito brasileiro do saci ao kappa, pois ambos possuem o lado sapeca, de pequenas travessuras. O saci tem o poder no seu chapéu e o kappa na reentrância na cabeça.

Nesse universo rico em simbologia, a escritora percebe em todas as histórias a ligação do homem com a natureza, a divindade, o desconhecido, ou seja, o homem como parte de um cosmo. “Faz parte da própria identidade da população japonesa, mais do que isso, traz uma explicação simbólica do mistério da vida, de como tudo passou a existir”, finaliza.

 
Conheça algumas das criaturas do imaginário popular japonês


Oni
Representa o mal. Pode ser também a consciência, o pensamento indesejado que habita em cada um de nós. É um demônio, de tamanhos variado, cor de rosa, vermelho, azul ou cinzento. Tem geralmente chifres, dentes e garras afiadas. Gosta de infernizar as almas de pessoas doentes ou próximas à morte. Para afastá-los, freqüentemente são necessários rituais.



Tengu
Alto e forte, mora nas árvores das regiões montanhosas. Sempre carrega consigo um objeto mágico (exemplo, manto mágico que o deixa invisível). É meio humano, meio ave. Possui asa, nariz comprido e cara vermelha. No Japão, alguns idosos advertem as crianças para que não entrem na montanha sozinhas, pois podem ser raptadas pelos tengus.



Dragão
Chamado ryu no Japão, vem da mitologia chinesa. É uma divindade das águas, símbolo de força e transformação.

Kaminari
Ser demoníaco, de cor verde, que carrega uma arco de tambores ou um saco de vento. Habita nas nuvens. Diziam as mães japonesas da antigüidade que esses seres costumavam comer o umbigo dos seres humanos. Assim, em dias de chuva, era comum prevenir os filhos para se vestirem, caso contrário, o trovão viria pegar o umbigo deles.






Kappa
Possui certos dons, entre os quais de endireitar os ossos. Às vezes, em vez de pele, possui escamas de peixe ou uma casca de tartaruga. Uma reentrância no alto da cabeça é a sua principal marca. Se a água nessa reentrância for derramada, o kappa perde imediatamente seus poderes. Vive nos rios, nos pântanos e lagos. É um vampiro, pois gosta de sangue de cavalo, de boi e até de ser humano. Um dos meios de combatê-lo é atirar pepino, seu alimento favorito, com os nomes e as idades dos membros da família nas águas onde os kappas moram.




Kitsune (raposa)
Possui um forte odor, o que a torna fácil de ser percebida e identificada por seus inimigos. Para compensar esses defeitos, desenvolveu inteligência e astúcia. Gosta de pregar peças e especialmente se disfarçar sob a forma humana, podendo ser flagrada por quem tenha dons especiais, possa enxergar a cauda ou por pessoas que estejam próximas da morte.




Tanuki (texugo)
Enquanto as histórias das raposas são muito sérias, as do tanuki são mais divertidas. Também mais ingênua, dizem que o tanuki adora saquê e é freqüentemente retratado com uma garrafa de saquê em uma mão e uma nota promissória na outra (uma conta que ele nunca paga). Até hoje suas estátuas podem ser vistas especialmente do lado de fora de restaurantes e bares para atrair clientes.
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